Arcanos Maiores

Arcanos Maiores
Tarot de Marselha

domingo, 29 de agosto de 2010

O TAO



O TAO.

Quando a noite desce
sobre a cidade moderna,
penso na tua vida,
penso na nossa teia
de amores, dores e feras.

Somos iguais nas diferenças,
diferentes nas semelhanças
somos homens e mulheres
em busca de certezas e seguranças
que nunca encontramos na natureza humana.

Água flui pelo monte
até o vale distante,
busca seus caminhos
entre pedras e lama
desce como uma dama
perfeita em seu véu branco de espuma
segue, inteira, sem limites,
até o grande oceano profundo.



INTRODUÇÃO AO TAO.

Tempo, Universo, Mente, entidades conhecidas por todos, universalmente aceitas, percebidas no consciente racional, referência obrigatória que define os movimentos externos da criação e os internos de nosso próprio microcosmo. Intuímos, através de nossos instintos básicos, observamos tais fenômenos como parte integral de nossa existência, mortais comuns que somos nem pensamos levantar algum questionamento. Apostamos na aparente imutabilidade, e normalidade de tais leis naturais, na sua perpetuidade, sem conseguir captar a dinâmica alucinante de tais energias, sequer conhecer os mecanismos, ondas, partículas envolvidas no seu orquestramento.

Desde a antigüidade, nos primórdios da evolução humana pré agrícola, mesmo antes do surgimento das grandes civilizações, o ser humano observa as grandes transformações da natureza, o desenrolar constante de seus ciclos, associando-as por analogia aos movimentos dos astros no firmamento e através da observação destes fenômenos celestes percebe a sua influência nas condições climáticas, ora favoráveis, ora desfavoráveis para empreender suas migrações junto com as manadas de herbívoros ou em outros empreendimentos e atividades sazonais associados a sua sobrevivência. Mesmo quando sobreviviam da caça e coleta de alimentos, estes primatas, entes sensíveis, já percebiam a existência destas energias, as quais atribuíam poderes anímicos, produto de uma fonte inesgotável de poder invisível, criador e destrutivo, porém sempre atuante em suas breves existências.

Com o surgimento das grandes civilizações, às margens dos rios e mares, o acomodamento da vida pastoril, o advento da agricultura e o surgimento da vida urbana ocorridas no Egito, Mesopotamia, Índia e China, floresceu a astrologia, a teosofia, a arte, a metafísica, a filosofia e a ciência aglutinadas numa só fonte: o conhecimento religioso ligado aos mistérios dos deuses. Este conhecimento certamente influiu diretamente na construção destas culturas: sua escrita, ferramentas, cultivos, o uso do fogo, e seus instrumentos musicais, atribuídos, pelos seus sacerdote e sábios, aos deuses, introdutores de mudanças e novas técnicas, conforme os mitos.

Tempo, Universo e Mente, onde estão seus limites? Não possuem substancia palpável, não podem ser contidos em nenhum receptáculo, mas são concepções percebidas, observadas e intuídas sem dúvida. Todos os povos da Terra atribuíram poderes divinos, além do conhecimento humano, ao seu movimento inexorável.

Há pelo menos três mil anos, na China, surgiram os primeiros elementos de uma filosofia baseada na busca de definições metafísicas para o movimento continuo das cambiantes manifestações da natureza, seus ciclos mutáveis, uma constante das leis da vida em eterno movimento ascendente ou descendente, nascimento, crescimento e morte.

Denominaram Tao estas forças como princípio único de todas as coisas existentes no universo incluindo suas múltiplas manifestações, transcendendo a concepção da deidade antropomórfica vigente nas crenças ocidentais.

Representaram a criação como estrutura cosmológica formadora e agregadora do universo, suas emanações fruto da fecundidade, ou interação de duas forças opostas e equilibradas que proporcionam a coesão dos elementos, dos seres, dos planetas e das galáxias, através da troca permanente de energias bipolares.

A partir de um ponto determinado, semente cósmica, ovo primordial, energia elementar, a arquitetura do universo foi regulada no momento de sua criação com normas definidas que permitiram sua expansão tempo/espacial de forma relativamente infinita e perpetuidade dinâmica garantida pelo eterno movimento das energias centrifugas e centrípetas de atração e repulsão de ondas/ partículas que o compõem favorecendo a evolução da vida na Terra e possivelmente em outras regiões do universo. Da matéria inerte para a vida, e da vida unicelular para organismos complexos portadores do espírito criador.

 No entanto, mais importante do que tentar decifrar o sentido da criação, é nossa possibilidade de vivermos em conformidade com nossa existência neste plano tempo/espacial, aceitando os fatos inerentes ao nosso desenvolvimento cármico, buscando o aprimoramento de nossa espiritualidade, para oportunamente nossa essência retornar a Fonte Primordial, origem de todas as coisas. Nós somos o Tao, mas nosso entendimento dele nunca será completo. Dentro da hierarquia da criação, vimo-nos dotados dos conhecimentos e capacidades básicas para nosso aprimoramento total, até o limite indispensável para cumprirmos nossa função transformadora e libertadora do espírito em relação à matéria, neste estágio intermediário do Caminho.

Muitos outros mundos e seres existem no universo, alguns deles mais desenvolvidos, outros ainda em planos inferiores de evolução, vivendo ou não no plano planetário. Nosso entendimento é conseqüência da própria evolução cármica que possuímos neste plano, e conforme a vontade divina nossa hierarquia espiritual não necessita ser sobrepujada além disso.

Manter nossa mente tranqüila, evitar que nossa mente fique toldada pelos desejos impuros da carne, mergulhada na vida de Maya, a ilusão, do “eu” e “meu”, este é nosso principal desafio da existência cármica. A mente sempre inconstante, é como a corrente de um rio, ou como a chama de uma vela, ou ainda um macaco irrequieto, que não pára um momento sequer.

Maya, a ilusão e a iluminação originam-se na mente, e tudo é criado pelas diferentes funções da mente, assim como variadas coisas aparecem na manga de um mágico.

As atividades da mente não tem limite, elas criam as circunstâncias da vida. Uma mente corrompida cerca-se de pensamento impuros e uma mente pura, pelo contrário, cerca-se de coisas puras; disto se concluí que o espaço e o tempo, o ambiente e as circunstâncias, são tão ilimitáveis quanto são a atividade mental.

Um quadro e seus matizes são pintados por um artista estimulado pelas atividades mentais. Como a mente cria as circunstâncias da própria vida, um único quadro pode apresentar infinitos e variados pormenores. Nada existe no mundo, que não seja criado pela mente.

Mas nossa mente não é só a obra, a pintura, o quadro e sua moldura, mas também o pintor, o artesão, o construtor, o observador, o criador e não apenas a criatura a qual denominamos "eu".

O TAO – O Caminho do Meio.

“Àqueles que estão trilhando o Caminho da Iluminação devem evitar os dois extremos. Primeiro o extremo da indulgência para com os desejos do corpo. Segundo, o extremo oposto que os leva a renunciar esta vida, praticar a disciplina ascética e torturar, sem razão alguma, seus corpos e mentes”
(Comentário Budista).

Segundo os preceitos budistas o “Caminho do Meio” consiste de oito Caminhos Nobres, a saber:

·         Percepção Correta.
·         Pensamento Correto.
·         Fala Correta.
·         Comportamento Correto.
·         Meio de Vida Correto.
·         Empenho Correto.
·         Atenção Correta e,
·         Concentração Espiritual Correta.

“Àquele que está seguindo o “Nobre Caminho” para a iluminação não deve nutrir tristes recordações daquilo que passou, nem deve antegozar o futuro, deve, isto sim, com uma mente justa e tranqüila, acolher aquilo que vier”.

“Os homens temem, naturalmente, o infortúnio, e almejam a felicidade; mas, se estudarmos cuidadosamente esta distinção, verificaremos que o infortúnio, muitas vezes, se torna felicidade e que a ventura se torna infelicidade. O sábio aprende a encarar as cambiantes circunstâncias da vida, com uma mente lúcida e imparcial, não se exaltando com o sucesso, nem se deprimindo com o fracasso. Assim se compreende o princípio da não dualidade”.

“A pura e fragrante flor de lótus desenvolve-se melhor na lama de um pântano do que num terreno limpo e firme; da mesma maneira, a pura iluminação surge do lodo das paixões mundanas. Assim, mesmo os mais absurdos pontos de vista e as ilusões das paixões mundanas podem ser as sementes da sua iluminação. Da mesma forma que o homem, ao crescer a planta se dirige para a luz”.

“Entre os homens encontramos vários níveis de consciência: uns são sábios, outros tolos; uns são de boa índole, outros de má índole; uns são facilmente levados, outros, difíceis de serem levado; uns possuem a mente pura, outros a possuem corrompida; mas estas diferenças são perfeitamente desprezíveis, quando se chega a atingir a iluminação. As flores de lótus apresentam uma grande variedade de plantas e flores de diversos matizes; há brancas, escarlates, azuis, amarelas; umas se desenvolvem sob a água, outras estendem suas folhas sobre a água. Em confronto a elas a humanidade apresenta muito mais semelhanças além das físicas. Algumas florescem sem que consigam sair do lodo, outras a poucos centímetros da água, somente alguns florescem a plena luz do Sol. Os homens como os lótus, também estão em diferentes estágios de evolução”.

“Tal como o lótus o homem não pode perceber a luz enquanto não passar além da superfície da ilusão. Alguns homens conseguem superar suas condições de nascimento e florescer, seja no lodo da iniqüidade, seja logo abaixo da superfície que antecede à realização de seus sonhos, seja diante da magnificência do universo”.

“Para ser um treinador de elefantes, deve-se possuir cinco requisitos: boa saúde, confiança, diligência, sinceridade de propósito e sabedoria. Para seguir o “Nobre Caminho” da iluminação deve-se também possuir estas mesmas boa qualidades. Se alguém, independente da condição, possuir estas mesmas qualidades, ser-lhe-á possível alcançar a iluminação, não precisando muito tempo para aprender os ensinamentos, pois todos os homens possuem a natureza inata à iluminação”.

“Para direcionar nosso raciocínio na tentativa de explicar o incogniscível, como perceberam os místicos mais consumados, procedentes das mais diversas culturas, a partir da confrontação direta com a realidade que forma o próprio apogeu da experiência mística, tudo leva a crer que o sacratíssimo principio criativo não é um ser que deva ser amado ou aplacado com hinos e sacrifícios, mas um estado de ser que se manifesta por todo o Kosmos e não existe separado de nada, uma vez que é a própria essência de tudo que existe”.

“O Tao é o caminho, mas também a fonte, a viagem, o viajante e o objetivo”.




Conceitos sobre Yin – Yang.

“O Tao produz Um, Um contém Dois e se manifesta como Três. O Três produz os dez mil seres”.

As palavras de Lao Tsé expressam de maneira concisa o processo metafísico da criação. Esta concisão, aliada à precisão matemática, é admirável e vai contra as explicações mais ou menos vagas ou nebulosas que sobre este assunto são dadas por outros teólogos.

O Tao, o vácuo original, o zero, o indiferenciado, a essência de todas as coisas e de todos os seres, o ser não manifestado e, por conseguinte, o nada aparente, produziu o Um, o ser manifestado, a existência. O Um contém e é composto de Dois, o Yin e o Yang, dois gêmeos saídos do vácuo. Ele se manifesta como Três, os três aspectos da energia criadora, os três fatores necessários para toda a criação, trindade composta pela força ativa, a força passiva e a força equilibrante. Os Três produziram os dez mil seres, o inteiro Universo e tudo que nele contém. É a diferenciação do único em múltiplo, sendo cada ser uma diferenciação do ser absoluto.

Deus não cria; cria-se. Do estado de não manifestação (Tao) ele fulgura no estado de manifestação (o Um) ao apresentar duas aparências opostas e complementares (Yin e Yang). Este é o início do estudo do Yin-Yang. Não é necessário insistir sobre este fenômeno fundamental da polarização, da manifestação da polaridade do Tao. Compete a cada um meditar e tentar penetrar este processo misterioso, cuja compreensão está além das limitadas capacidades da inteligência cerebral.

O esquema resumirá simplesmente o processo, da seguinte maneira:

- o Yin, a energia interiorizada, centrípeta, representa a natureza feminina, a passividade, a inércia, a receptividade, a tendência conservadora, a energia aprisionada na matéria, a materialização, a gestação, o desabrochamento ou o desenvolvimento da matéria, o anabolismo. É a Lua, a terra, a água, o espaço matriz. Aquilo que pode ser ordenado, estruturado e posto em formas, a “doçura maleável feminina”.  

- o Yang, a energia exteriorizada, centrífuga, representa a natureza masculina, a atividade, o dinamismo, a criatividade, a tendência à destruição, a energia livre, a desmaterialização, a fecundação, a expansão energética, o catabolismo. É o Sol no céu, o fogo, o dinamismo do tempo. Aquilo que ordena e dirige a “firmeza energética masculina”.

Sumariamente definido, este é o ponto de vista tradicional metafísico, funcional ou fisiológico do Yin-Yang, representam a fisiologia, a vida do grande organismo, que constitui o Universo. Em chinês, o Yang, masculino significa a luz, o dinamismo, e o Yin, feminino, a obscuridade, a inércia. “O céu é yang, a terra é yin; entre o céu e a terra apareceram os homens”- diz um clássico chinês.

Precisamos não esquecer que o Yin e o Yang não são absolutos. O Yin sempre contém uma certa porcentagem de Yang e vice-versa.

Nesta base é possível classificar todas as coisas, seres e fenômenos, determinando se participam de uma ou outra tendência, ou quanto um deles possui percentualmente de cada força oposta em constante movimento no Universo.

EXEMPLOS DE CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A METAFÍSICA TAOÍSTA.


YIN - YANG


Matéria – Carne - Energia – Espírito.

Terra - Céu

Vale - Montanha

Água - Fogo
Inércia - Dinamismo

Vegetais - Animais

Interior - Exterior

Noite - Dia

Queda - Ascensão

Frio - Quente

Obscuridade - Iluminação

Inverno - Outono  - Verão – Primavera

Lua - Sol

Próton - Elétron


Hidrogênio - Oxigênio


Alcalino - Ácido


Inconsciente, intuição - Consciência, razão


Gestação - Vida Exterior


Óvulo - Espermatozoide


MULHER - HOMEM



Existem correspondências nítidas de afinidade, de analogia ou de semelhança entre a Lua, a água, o mar, a mulher, a noite, a matéria, etc. Todos os poetas sabem disto intuitivamente. A mentalidade poética, pura e verdadeira conhece o mundo de maneira muito mais exata e profunda do que a mentalidade científica. O verdadeiro conhecimento é sempre irracional, localizando-se acima das limitações da lógica formalista, das convenções, tradições, preconceitos, concepções abstratas, intelectuais e cerebrais. Eis por que todas as grandes descobertas científicas, ao contrário do que costumam dizer os racionalistas, possuem um ponto de partida irracional. Elas resultam do sonho, da imaginação, do inconsciente, da verdadeira sabedoria.

As Cinco Atividades (WU HSING).


Os sábios da antiga China procuravam analisar, e desse modo poder prever a interação das forças naturais, em termos não apenas da polaridade Yin-Yang, mas também das cinco amplas categorias de atividades que se suportam mutuamente e mutuamente se destroem. Infelizmente o nome dado a essas cinco categorias – metal, madeira, água, fogo e terra – estão de tal modo ligados aos quatro elementos da antiga cosmologia grega, que o termo Wu Hsing muitas vezes foi traduzido de maneira incorreta por “cinco elementos”, embora as sílabas chinesas se refiram claramente a “cinco atividades”, pois Wu significa cinco e Hsing tem o significado básico de andar, agir, fazer. Os elementos são estáticos; o Hsing é dinâmico.

·   O Metal simboliza as atividades que envolvem força, durabilidade, resistência, dilação.

·         A Madeira simboliza os processos que levam ao crescimento, à fruição, e à decadência.

·         A Água simboliza, entre outras coisas, as funções da fecundação.

·         O Fogo simboliza as atividades fortemente dinâmicas.

·         A Terra simboliza as funções de apoio, como as do útero.

Todas as cinco atividades são positivas e de suporte em algumas circunstâncias, e negativas e destruidoras em outras, de acordo com as necessidades da natureza.

No ciclo criativo natural, Metal contém e gera Água, Água nutre Madeira, Madeira alimenta o Fogo, Fogo produz Madeira através das suas cinzas e Terra gera Metal. No ciclo destrutivo, Metal corta Madeira, Madeira esgota a Terra, Terra obstrui a Água, Água apaga o Fogo e Fogo derrete o Metal.

Toda a energia (conhecida como ch’i para os chineses) era descrita pelos antigos filósofos como sendo ramificada em uma destas cinco formas de manifestação de energia no mundo material. A essência destas propriedades, acreditava-se, identifica e caracteriza toda a matéria. Depois de primeiro identificar estas forças, os chineses passaram a associar as cinco atividades com os ritmos naturais, estações, clima, paisagens, interiores das casas, o corpo humano, estilos de luta, arte, personalidade humana, cores, planetas, sabores e sensações. Cada uma das cinco atividades está constantemente em processo e em movimento no Universo.

O Taoísmo prega que todas as coisas vivas, o Universo e o indivíduo vêm à existência e se movem como forças de energia. Seres humanos conduzem ch’i, uma força energética, através do corpo. Um desequilibrio nesta força vital pode causar todo o tipo de irregularidades: doenças, desordens na personalidade e disfunção psicológica. Reequilibrando o fluxo de energia através do corpo, os seres humanos permitem ao corpo curar a sí mesmo. Da mesma forma, o ambiente de uma pessoa estando equilibrado e de acordo com as leis da natureza, não tem como não agir de maneira significativa. Assim como o ch’i atua no corpo humano, o grande Tao atua no Universo.

Embora isso pareça uma premissa abstrata, ou muito elevada para nela basear-se uma visão de mundo, os chineses utilizam o princípio do Tao para criar um notável e sofisticado sistema médico baseado em meridianos de energia, herbalismo, e no equilíbrio entre repouso e atividade, que ainda está sendo explorada pelos praticantes de medicina hoje. Os taoístas desenvolveram métodos de controle da respiração e exercícios originalmente planejados para desenvolver longevidade, que finalmente formaram um sistema extremamente efetivo de artes marciais, Todas estas contribuições sociais tinham como base o conceito do movimento da energia através do corpo de acordo com as cinco principais atividades.






MEDITAÇÃO -

Segundo Lobsang Rampa, em sua obra “A Sabedoria do Lamas”: “Meditação é o sistema pelo qual colocamos nossa mente em ordem, preparando-a, desenvolvendo-a. A meditação consiste em pensar sobre determinado objeto, assunto ou questão, de modo a sabermos tudo quanto existe para ser sabido ao seu respeito”.

Conforme o mestre, a meditação nos permite, quando estamos preparados, buscar o motivo íntimo, sondar o que de outra forma é desconhecido. Não é concentração, pois esta constitui, coisa inteiramente diferente, afirma ele.

A meditação pode incentivar capacidades importantes para aqueles que pretendam aprimorar seu desenvolvimento espiritual, não cognitivo:

·         Sua capacidade de concentração aumentará, o que trará mais ordem em sua vida;

·         O Trabalho com a postura física terá efeitos positivos sobre sua postura espiritual-anímica;

·         Através da observação do pensamento equilibrado, pessoas influenciadas predominantemente pela razão aprendem a deixar aflorar mais os sentimentos, enquanto pessoas acentuadamente emotivas alcançam maior controle sobre seus impulsos;

·         Mesmo encontrando-se sob inevitável pressão externa, poderá desenvolver contentamento e serenidade, através de um forte direcionamento para o essencial;

·         Pode corrigir parcialidades e nos auxiliar a chegar ao nosso “centro”.( Caminho do Meio), e na medida do possível contribuir para nosso amadurecimento;

·         Propicia a liberação e o desenvolvimento de possibilidades que já se encontram dentro de nós;

·         Através da meditação a atenção e sensibilidade do meditando são incentivadas, podendo ele conseguir superar opostos internos e externos.
         
OS TRÊS PILARES DA MEDITAÇÃO:

·         Postura.
·         Contração (Tensão).
·         Respiração.


Postura.

Na postura física de uma pessoa se manifesta também a sua postura psiquico-espiritual. Provavelmente você terá problemas com a postura ereta das maneiras de sentar da meditação. Os hábitos adquiridos com o tempo levam a uma expressiva rigidez de nosso corpo, aparecem contrações de nossos ombros e dos músculos da nuca. Elas são uma expressão palpável de nossa tendência à “rigidez do pescoço” com a qual nos posicionamos contra o “fruir da vida”, de forma debochada ou medrosa. Experimente inicialmente sentir sua postura e aceitá-la.

Tensão.

Através da tensão de nosso corpo fica visível se encaramos o futuro com serenidade, ou se tendemos a perder a direção e nos dispersar, ou pelo contrário, a nos contrair. Dessa forma, expressam-se em nossa tensão características próprias do nosso ser, que influenciam toda nossa vida.


O Tao da Respiração.

A respiração é, por fim, o objeto da meditação em sí, a função mais sutil do nosso organismo, que pode ser consciente ou inconsciente, voluntária e involuntária. Ela deve ser a mediadora entre corpo e mente, e assim, se tornar um agente de nossa participação consciente nas funções vitais e universais de nosso organismo psicossomático. A respiração é por este meio, membro de ligação entre consciente e inconsciente, a matéria bruta e a refinada, funções voluntárias e automáticas, portanto a expressão mais perfeita da natureza da vida e sua totalidade, da natureza do Tao.

A respiração tem sido um importante objeto de estudo na China, por mais de cinco mil anos. Os Taoístas em especial, tem usado técnicas de respiração para prevenir doenças, prolongar a juventude, alcançar a longevidade e atingir o seu mais alto objetivo – a imortalidade. Várias escolas de artes marciais usam a respiração para aperfeiçoar as técnicas de ataque e defesa. Mas a maioria dos mestres guardam seus segredos e nunca os escrevem, transmitindo-os oralmente apenas aos seus autênticos sucessores e discípulos mais próximos, talvez porque a respiração seja um tema que inclui muitos aspectos difíceis de serem expressos através da escrita.

Além do oxigênio, o ar que respiramos contém muitos elementos, incluindo o ferro, o cobre, o zinco, a flourita, o quatzo, a zincita e o magnésio. Esses elementos suprem necessidades importantes do organismo. Usando uma combinação de exercícios e respiração, as técnicas taoístas fornecem um método eficiente de absorção desses preciosos elementos e de liberação de resíduos e toxinas. Essas técnicas, segundo os mestres, “expelem o velho e absorvem o novo”. Os budistas comparam o organismo a uma “sacola de couro suja” porque contém todo o tipo de coisas – toxinas, resíduos, ossos, tecidos e sangue.

A respiração usada de modo apropriado pode purificar, renovar e limpar esta sacola suja. As técnicas de respiração taoístas incluem não só a respiração pela boca e pelo nariz, mas também a respiração fetal ou interna, que será abordada adiante.

A palavra chinesa Ch’i é representada por dois ideogramas que estão intimamente relacionados e tem a mesma pronúncia. O primeiro ideograma significa respiração, ar, vapor, ou gás e é usado quando desejamos indicar a atmosfera que respiramos ou o ato de respirar, isto é, de levar o ar até os pulmões, que, na terminologia taoísta é chamado respiração pós–natal.O segundo ideograma, segundo sua configuração refere-se à energia vital na transformação do Ching (líquido) em Ch’i (vapor).

Os conceitos de respiração pré-natal e pós-natal aparecem nos escritos taoístas, representados em diagramas. A idéia básica é a seguinte: antes do nascimento, o embrião não necessita inspirar nem expirar, pois a respiração circula através do seu corpo a partir da mãe. O sangue rico em oxigênio chega até ele através do cordão umbilical e entra em seu abdome através do umbigo. Assim a respiração pré-natal é realizada através do abdome. Naturalmente, após o nascimento, este tipo de respiração não é mais possível, pois o cordão umbilical foi cortado. Depois disso, o ser humano precisa confiar na respiração pulmonar, ou pós-natal.   

Grande parte das pessoas respira somente pela garganta e pelos pulmões, de modo que a respiração pré-natal fica oculta no abdome, sem jamais unir-se novamente com a respiração pós-natal. No entanto esta possibilidade está presente na meditação, e nesse sentido, pode-se dizer que a meditação e o Tai Ch’i Ch’uan efetivam a união da respiração pré-natal com a pós-natal. Ou seja, durante a inspiração, enquanto o meditador está levando a respiração até os pulmões e o umbigo, a respiração pré-natal sobe do baixo abdome até o umbigo, onde se une com a respiração pós-natal. Durante a expiração, enquanto a respiração pós-natal sobe e sai do pulmões, a respiração pré-natal desce novamente até a região abdominal inferior. A união da respiração pré-natal e pós-natal é interpretada como a união do fogo com a água (Li com K’an), descrita pela frase “O Sol mora no palácio da Lua”.

Nos estágios adiantados de meditação, há um fenômeno chamado respiração fetal, no qual, o meditador, à semelhança do embrião, é capaz de respirar sem a inspiração e a expiração. Neste estágio, que também se caracteriza por ausência de pulsação, o meditador transcende completamente o pensamento consciente e atinge um estado chamado de grande imobilidade. É a mais elevada forma de iluminação e o objetivo final da meditação taoísta, existindo conceito similar na meditação budista, mas com terminologia diferente.

O mestre Ko Hung escreve: ”Todos estão no ar e o ar está em todos. Todas as criaturas dependem do ar. Aquele que pratica, verdadeiramente, a respiração, fortifica seu organismo e o protege contra os males externos. As pessoas usam a respiração fetal todos os dias, mas não a conhecem”.

O ar externo é a atmosfera da Terra. O ar dentro do corpo é oxigênio e respiração pré-natal ou fetal. Todo mundo reconhece a importância do oxigênio, mas poucos tem consciência da respiração pré-natal. Quando alguém morre de morte natural , é porque a respiração pré-natal exauriu-se. Os budistas dizem o seguinte: “Quando termina o óleo a lamparina apaga”. As técnicas de respiração meditativa pode aumentar o óleo de maneira a conservar a lamparina sempre acesa - ou seja, promover a longevidade.

OS TRÊS TESOUROS TAOÍSTAS.     

Em sua forma vulgar, se compõem do sêmen, da respiração e do espírito, considerando-se que cada um deles tem um sutil equivalente cósmico. É pela geração, nutrição e interação desses, que os notáveis poderes do Tao são atingidos, quando é realizada a preparação para a experiência suprema, o retorno à fonte, através da alquimia interna, que reúne, alimenta e transubstancia os três tesouros e suas sutis contrapartes.

Métodos de Conservação.

No corpo do homem, o fluído seminal é o veículo de energia sutil e invisível conhecida por Ching. Essa energia, se despendida negligentemente, não é facilmente renovável ( para as mulheres, no entanto, o oposto é que é verdade). Sendo, ao mesmo tempo, um fator que contribui com a vitalidade físico e mental e um importante produto desta, o fluído seminal deve ser tratado com mais amor do que as próprias pérolas ou o jade. Dieta, exercícios e sono regular são fundamentais, mas a continência é ainda mais importante. Os iniciados não devem privar-se do intercurso sexual, nem desfrutá-lo apenas ocasionalmente, mas devem regular cuidadosamente a emissão seminal, contendo-a abruptamente na maioria das vezes. Os iniciados mais jovens talvez possam permitir a liberação do sêmen uma vez por semana, mas a freqüência da emissão deve ser gradualmente reduzida com a idade. Aos quarenta anos, o corpo e a mente devem ter alcançado tal estágio de serenidade que é fácil evitar a emissão por completo. Essa restrição pode parecer severa, mas tem compensações notáveis na forma de uma vitalidade radiante, tanto sexual como em outros aspectos.

O Ch’i é alimentado pela respiração ioga, através de exercícios e pela meditação. No homem, o seu veículo é a respiração, e sua verdadeira natureza, a vitalidade cósmica; ele circula livremente pelo céu e pela terra, mas o seu fluxo no interior do corpo pode ser obstruído pela respiração incorreta e/ou por uma perturbação mental. Do céu ele penetra na terra através de canais invisíveis conhecidos como “veias do dragão”, assim como entra no homem através da narina e dos poros da pele. O Ch’i circula por todo o corpo ao longo dos canais psíquicos há muito conhecidos pelos mestres chineses, mas invisíveis ao microscópio mais poderoso; mesmo assim, atualmente, já teve sua existência cientificamente constatada, mesmo no Ocidente, pela ciência da Acupuntura e práticas afins. Diferentemente do Ching, ele não pode ser desperdiçado porque, mesmo em sua forma mais grosseira, não é propriedade privada, mas uma dádiva que se derrama copiosamente sobre tudo; entretanto a sua entrada pode ser perigosamente reduzida e sua circulação prejudicada por negligência. Deve-se preservar o ingresso apropriado, a circulação e a pureza do Ch’i, adquirindo-se o hábito de respirar corretamente, de levantar cedo pela manhã e praticar o Tai Ch’i ou outros exercícios físicos, iogas ao ar livre, evitar o fumo e atmosferas poluídas, na medida em que isto for possivel nos dias de hoje.

O Shên é o espírito, que se manifesta geralmente na forma de vitalidade mental e nervosa. Ele é alimentado pela meditação, a tranqüilidade interior, a ausência de perturbações, e mais especialmente, o abandono de paixões descontroladoras como a raiva, a inveja, o ciúme, a avidez, o prazer sádico, e a luxúria ( por luxúria entende-se não uma atração sexual saudável, criativa, inspiradora, mas paixão intensa, uma obsessão, um apego possessivo e o que quer que conduza à amargura e não à alegria, no que respeita a ambos os parceiros. ). A meditação deve ser praticada com freqüência, certamente nunca menos que duas vezes por dia e com muita regularidade no que diz respeito à hora e à freqüência das sessões. A mente deve cuidar dia e noite, de não se expor, sempre que possível, aos ventos violentos das paixões. Isso requer, normalmente, o controle sobre a escolha de companhias, material de leitura, programas de tv e mesmo pensamentos. Quando a serenidade da mente for perturbada por pensamentos indesejáveis, não se deve suprimi-los rigidamente ou expulsá-los para além do nível consciente, onde permanecerão ativos; ao contrário, devem ser observados, analisados, reconhecidos pelo que são, e calma mas firmemente repudiados, assim como faríamos com os filhos dos nossos vizinhos, crianças encantadoras, mas extremamente desobedientes, se quisessem brincar em nosso jardim. De modo inverso, pensamentos criativos e sadios devem ser almejados por todos os meios ao nosso alcance. Deve-se evitar o álcool, uma vez que através dele perde-se o controle sobre os pensamentos e a conduta, exceto pelas pessoas que o tomam com moderação. A razão pela qual os taoístas não observam regras rígidas de conduta é que, além de serem avessos a qualquer forma de rigidez, eles não precisam delas, pois seu treinamento torna a moderação instintiva e agradável.

Pode-se nutrir o Shên de diversas formas, tais como apreciar as belezas da natureza, contemplar seus processos, fixar a mente no sublime Tao e em suas manifestações infinitamente variadas e cultivar uma profunda e serena concentração. Esta pode ser estimulada por uma grande variedade de maneiras: composições poéticas, caligrafia, pintura, música (que provoque enlevo), o exercício de qualquer atividade que exija habilidade e hobbies tais como xadrez, arco e flecha, arranjos florais, jardinagem, etc... Xadrez e jogos similares são bons porque exigem intensa concentração, além de não despertarem, se jogados da maneira correta, um espírito de disputa. Jogos que envolvam riscos ( jogos de azar), excitação tensa, desejo excessivo de vitória, desejo de prejudicar o parceiro ou concorrente devem ser evitados. Os seguidores do Caminho procuram harmonia em todas as coisas e se esforçam para que seu Shên permaneça tranqüilo, seus corações serenos; por isso eles observam e vigiam seus pensamentos e emoções, a fim de que a energia mental e emocional não seja totalmente dissipada.

Todo o empenho será inútil a menos que os três tesouros sejam adequadamente alimentados e conservados. Mesmo a aquisição de poderes paranormais espetaculares tais como a levitação, a habilidade de dobrar objetos de metal a longa distâncias, etc., seriam inúteis do ponto de vista taoísta se não existir uma serenidade imperturbável.

MEDITAÇÃO – A base espiritual.

Como já vimos, a meditação é a chave para o conhecimento interior e a semente ao redor da qual se constrói toda a prática efetiva dentro do campo espiritual. A prática sistemática da meditação pode transformar um homem comum em um grande lutador, um grande executivo, um grande político ou qualquer outra coisa que deseje ser.

O famoso lutador coreano Yong I Choi, campeão de karatê mais conhecido no Ocidente por seu nome em japonês Masutatsu Oyama, certa vez resolveu fazer a seguinte experiência:

Escolheu dois de seus melhores lutadores e durante seis meses obrigou um deles a praticar a luta diariamente e ao outro impediu que lutasse sequer uma vez, mas ensinou-o como deveria meditar a respeito de técnicas do karatê. Passado seis meses fez com que os dois se enfrentassem em combate livre diversas vezes.

Embora ambos possuíssem técnicas equivalentes antes do início da experiência, após a mesma aquele que apenas praticara a meditação passou a vencer facilmente seu oponente.

No Japão as famílias mais abastadas costumam colocar seus filhos em cursos de meditação mantidos por templos Zen, com o objetivo de aguçar suas capacidades de percepção para ocupar cargos como grandes executivos.

Na Índia existiu um jovem advogado que apesar de não possuir uma personalidade muito forte e ser um pouco tímido, foi capaz, através da prática sistemática da meditação e outros exercícios espirituais, de alcançar altos cargos políticos e de mover as grandes massas do povo com tal liderança que os libertou do jugo inglês. O nome dele era Ghandi e estou certo de que já terá ouvido falar nele.

Assim a meditação poderá da mesma forma transformá-lo em um lutador melhor, um melhor executivo, um líder político, ou para desenvolver qualquer potencial seu.

Mas o principal objetivo da meditação não é a realização destes feitos materiais e sim a transformação de si mesmo e a ampliação da própria percepção.

O Instituto Stanford de Pesquisas da Califórnia realizou estatísticas que comprovam o aumento de energia e eficiência, a diminuição das tensões físicas e mentais, o desenvolvimento da criatividade, da intuição, da capacidade de concentração e de produção, em pessoas que tenham o hábito de meditar todos os dias.

Um famoso fisiologista da escola de medicina da universidade de Harvard realizou uma série de experiências para mensurar as alterações fisiológicas que ocorrem durante o estado de meditação profunda.

Como resultado dessas experiências foram constatados os seguintes fatos:

Durante a meditação o praticante atinge um estado de consciência incomum que produz efeitos benéficos no corpo humano, diminuindo o consumo de oxigênio e a eliminação do dióxido de carbono, o batimento cardíaco e o ritmo respiratório.

A alteração dos batimentos cardíacos, a estabilização da pressão sangüinea e outros fatores que ocorrem durante a meditação, indicam mudanças específicas no funcionamento do sistema nervoso autônomo.

A diminuição da concentração de lactato nas artérias indica modificação do equilíbrio ácido básico, causando redução na produção de epinefrina que é notoriamente conhecida como causadora dos sintomas de ansiedade.

A resistência da pele (que diminui em situações de tensão) aumenta como resultado da meditação e o cérebro passa a produzir mais ondas alfa.

Conforme o depoimento desse médico as pessoas que meditam tornam-se mais saudáveis – dentre os 394 meditadores examinados, 67% declararam ter melhorado significativamente a própria saúde e 84% disseram ter melhorado suas capacidades mentais.

Na Universidade da Califórnia em Los Angeles, foi realizado um inquérito junto a 143 estudantes consumidores habituais de drogas, que haviam sido iniciados a um método de meditação criado por “Maharishi Mahesh” denominado “Meditação Transcendental”.

Após a prática desse método de meditação, 84% pararam de consumir narcóticos por um mínimo de três meses. Entre 111 consumidores de alucinógenos, 86% cessaram completamente seu uso. Entre 42 usuários de heroína e outras drogas pesadas, 86% cessaram o consumo.

Outras pesquisas levadas a efeito em Harvard, sob a tutela de médicos experientes, comprovaram a diminuição e até mesmo a erradicação definitiva do tabagismo, do alcoolismo e de outros vícios fisiológicamente perniciosos, em pessoas que iniciaram a prática sistemática da meditação mesmo não tendo por objetivo a eliminação desses vícios.

O Dr. Herbert Benson, professor adjunto dessa universidade, constatou que 20 minutos de meditação produzem recuperação física e psicológica equivalente a seis horas de sono. Segundo este mesmo pesquisador, duas sessões de 20 minutos por dia proporcionam relaxamento superior a uma noite de sono regular.

Apesar de não terem sido realizadas pesquisas a respeito do efeito da meditação do controle da obesidade, tem sido registrados centenas de depoimentos de pessoas obesas que começaram a perder peso como conseqüência de um plano de meditações regulares. Acredita-se que a meditação refreie a fome compulsiva, quase sempre presente na síndrome da obesidade.

A similaridade entre a meditação e o sono limita-se aos efeitos do descanso, testes efetuados com eletroencefalograma tem demonstrado que a mente não dorme durante a meditação e sim atinge um estado de consciência mais profunda.

Depoimentos de enfermeiras e médicos tem atestado que crianças que nascem de mães que meditam regularmente possuem habilidades motoras mais desenvolvidas e são mais conscientes do que as demais crianças.

Como resultado de uma pesquisa elaborada com a finalidade especifica de reunir depoimentos sobre alterações físicas oriundas da prática habitual de meditação, foram registradas as seguintes estatísticas:

67% dos entrevistados afirmaram ter melhorado seu estado físico geral graças à prática da meditação. Sete pessoas afirmaram ter melhorado ou curado problemas de pressão alta. Três disseram ter melhorado de úlceras. Cinco mencionaram melhoria de asma e mesmo desaparecimento dos sintomas ligados a bronquite asmática. Dezenove notaram decréscimo de reações alérgicas. Vinte e nove declararam ter diminuído dores de cabeça. Cento e dezessete resolveram casos de gripes e resfriados constantes e outras setenta registraram melhoras em outras áreas, desde acne até perda de peso.

Graças aos resultados obtidos nessa primeira pesquisa foi preparada outra, desta vez a respeito da saúde mental dos praticantes de meditação. Este novo questionário foi submetido a 333 indivíduos, sendo obtido os seguintes resultados:

84% declararam ter melhorado a disposição mental. Vinte e duas pessoas consideraram a melhoria tão efetiva que resolveram interromper o tratamento psiquiátrico a que vinham recorrendo com regularidade. Vinte e cinco mencionaram diminuição de estados depressivos e de tendências suicidas.

Estes dados aqui expostos tem a finalidade de realçar os aspectos terapêuticos positivos da prática habitual da meditação, e esclarecer que não se trata de uma alienação de origem Oriental, ou lavagem cerebral como querem alguns mais ignorantes e sim uma técnica capaz de produzir alterações benéficas no estado fisiológico e psicológico daqueles que a praticam.

Meditação é uma antiga ciência exata e diferencia-se das ciências tradicionais ocidentais do nosso tempo, simplesmente porque trata dos estudos experimentais dos processos internos e não dos eventos externos.

Todos os diferentes métodos de meditação, sejam de origem filosófica ou religiosa, devem ter por objetivo conduzir a mente de um estado de cansaço, confusão e desarmonia para um estado de equilíbrio e harmonia interior.

ESCOLHA DO LOCAL

Para meditar devemos escolher cuidadosamente um lugar que possa ser usado regularmente para essa finalidade, evite trocar de lugar a cada nova meditação. Estaremos criando assim uma atmosfera propicia para acentuar os efeitos positivos desta prática. Devemos procurar um lugar calmo, livre de ruídos e incômodos que possam distrair.

O local não deve ser excessivamente quente, nem excessivamente iluminado, não devem haver telefones por perto e celulares devem ser desligados, nem campainhas, nem animais domésticos, nem crianças ou pessoas que possam interromper.

Quanto menor a quantidade de luz melhor, com o tempo o meditador percebe que as meditações noturnas ou antes do alvorecer são mais produtivas. Segundo pesquisadores franceses em experiências realizadas, demonstram efeitos positivos no direcionamento do corpo para o leste ou para o norte. Entretanto com a prática somos capazes de meditar em qualquer lugar. Existem pessoas capazes de praticar a meditação na condução de ida e volta ao trabalho.

Há ainda quem consiga meditar mesmo em locais de intenso barulho e de constante movimentação pública, mas para o iniciante, o ideal é o lugar tranqüilo e silencioso.

MEDITAÇÃO SENTADA

Inicialmente deverá o meditando sentar em alguma cadeira que seja confortável e que lhe permita manter a coluna ereta. Quando tiver mais prática, poderá meditar sentado em uma cadeira, no chão ou em qualquer das posições tradicionais do Yoga. A escolha tem muito pouca pertinência com os resultados que obterá, mas ao escolher sentar no chão, cubra-o com um cobertor dobrado em quatro ou esteira para ficar mais confortável e evitar que a friagem do chão penetre no organismo.

Existem razões fisiológicas que atestam que a coluna ereta ajuda a circulação de energias sutis (ch’i ) que contribuem para a estabilização do sistema nervoso. A ênfase na posição correta da coluna é essencial para o processo respiratório, harmonizando a respiração com as energias emitidas pelo sistema nervoso, dessa maneira, contribuindo para acalmar a mente. Lembremos sempre que não importa muito a maneira de sentar, desde que mantenha a coluna reta.

Existem as tradicionais posições do Yoga, mas não tente faze-las de início, a menos que tenha praticado bastante em outras oportunidades que não as de meditação. Se ficarmos extremamente preocupados com a forma de sentar acabaremos perdendo de vista os reais objetivos da meditação.

É interessante aprendermos sentar confortavelmente no chão à maneira do Yoga, pela simples razão de não interrompermos a prática da meditação quando estivermos na praia, no campo, ou em lugares em que não possamos dispor de um assento que mantenha nossa coluna na posição ereta.

Quando tivermos iniciado a meditação, é bom evitarmos mudar ou mexer a posição para não criar motivos para distração.

Ao preferir uma posição tradicional, devemos evitar o posicionamento demasiado criativo das mãos, preferindo pousá-las no colo, uma sobre a outra. Sugere-se juntar as mãos de modo a formarem o símbolo T’ai Chi T’u.

Tendo feito os preparativos adequados, sente-se na posição correta e comece a respirar lenta e profundamente. O corpo deverá estar ereto, a espinha reta, sem pender a cabeça para nenhum dos lados. Os olhos deverão permanecer entreabertos e focalizados para baixo, na direção da ponta do nariz. O nariz deverá estar alinhado com o centro do corpo. Feche a boca suavemente, a língua tocando ligeiramente o palato. Relaxe os ombros, mantendo-os no mesmo nível. Relaxe também os braços, deixando-os levemente dobrados nos cotovelos.

Para as pernas, há três posições diferentes, que podem ser consideradas corretas. Os meditadores experientes geralmente se sentam na postura de lótus. O iniciante ou uma pessoa de idade, cujas juntas podem não ter flexibilidade suficiente para assumir esta postura com facilidade, podem com o tempo assumir meia-postura de lótus e posteriormente, aos poucos a lótus completa. É melhor sentir-se relativamente confortável do que força os tendões e ligamentos num estiramento superior às suas capacidades naturais. Tal esforço poderá resultar em dor nas pernas atrapalhando a concentração da mente.

É comum os iniciantes reclamarem de dores nas pernas e dormência, a postura interferindo na circulação sangüínea dos membros, causando assim distração. No entanto, se houver perseverança, após poucas semanas a dormência cessará por completo. Sendo possível sentar-se por horas sem desconforto. Neste meio tempo podemos reduzir as dores, esticando as pernas para frente, um pouco separadas; junte as mãos e levante-as acima da cabeça, com as palmas voltadas para fora. Outro meio é ficar em pé sobre a perna direita e sacudira energicamente o pé esquerdo e a mão esquerda, alternando as pernas, aumentando a circulação do sangue.

A postura correta, o método de respiração adequado, propiciam o fluxo de energia vital e a obtenção de uma mente tranquila. Antes de iniciar sua meditação, expire vigorosamente pela boca, expelindo todo ar viciado dos pulmões. Conforme a tradição taoísta, deve-se expirar seis vezes, usando a boca para formar um som diferente cada vez. Após esta expiração, deve-se iniciar a respiração regular pelo nariz. A respiração deve ser lenta e suave, sem produzir som algum. Deve ser uniforme e rítmica. Para auxilio do meditador, pode-se contar as respirações. O conjunto de uma inspiração e expiração conta-se como uma respiração. A contagem ajuda a evitar devaneios e distrações. A nitidez destes pensamentos que distraem a atenção desaparecerá gradualmente conforme se impuser a contagem. Quando utilizar tal método evite relaxar ao ponto de ficar tão tranqüilo, relaxar e adormecer. A meditação requer mente alerta e lúcida.

A respiração deve ser profunda, de modo que o ar encha o abdome não o tórax. Deve-se evitar a respiração superficial comum no Ocidente. A maioria respira como se estivesse levando o ar até a garganta, e quando tentam respirar profundo, costumam distender o peito e ficam estufadas. O método correto de respiração profunda requerido para a meditação é muito mais suave. Ele dirige o ar para o centro do abdome, ao tan-t’ien inferior.

O iniciante, após familiarizar-se com a postura e com a respiração, deve passar a se concentrar no fluxo da energia vital no corpo. Deve-se utilizar os conceitos referentes aos canais psíquicos, à Circulação Celestial Maior e à Circulação Celestial Menor. O meditador pensa, a princípio, conscientemente, no fluxo de energia através dos ciclos que vão do coração aos rins e ao longo da espinha. Estes dois fluxos estão incluídos na Circulação Celestial Maior, através da qual a ch’i atravessa todos os centros psíquicos em coordenação com o ritmo da respiração. Pode acontecer ao meditador sentir um intenso calor, que espontaneamente circula pelo corpo, gerado pela respiração, indicando que o processo de purificação da energia vital está ocorrendo. É preciso prática considerável para desenvolver esta percepção. Portanto os iniciantes não devem esperar resultados imediatos, nem exagerar nas práticas. Os progressos surgirão depois que as práticas se tornam um hábito perfeitamente normal da rotina diária.

Depois da meditação, deve-se continuar mais um pouco sentado antes de se levantar e de retomar as atividades. A expiração pela boca auxilia a dispersar o calor gerado na meditação e ajuda o corpo voltar a temperatura normal. Deve-se também sacudir a cabeça e mover os braços suavemente para regularizar a circulação sangüínea. Após minutos logo o meditador estará apto a voltar às suas atividades normais.               

Meditação Avançada (Os Oito Canais Psíquicos).

Os progressos na prática da meditação vem lentamente e requerem do iniciante fé e perseverança. É essencialmente um processo de purificação de energia, no qual o ching é transformado em ch’i, que deve circular através dos oito canais psíquicos.

Nos braços, nas pernas e no tronco estão localizados oito caminhos de conexão que tanto podem transmitir como armazenar energia. Através deles, a energia consegue alcançar cada célula do corpo. A eficácia do método de circulação sistemática do ch’i através destes canais durante a meditação foi exaustivamente comprovado pelos mestres taoistas.

Os nomes e localizações dos oito canais psíquicos são:

1)   O Tu Mo, ou Canal do Controle, corre ao longo da coluna vertebral, partindo do cóccix e atravessando a nuca até o cérebro, e por sobre o alto da cabeça até o céu da boca.

2)   O Jen Mo, ou Canal da Função, atravessa o centro e a parte frontal do corpo. Sua extremidade inferior está localizada nos órgãos genitais e se estende para cima até a base da boca. Quando a lingua toca o céu da boca, ela forma uma ponte entre o Tu Mo e o Jen Mo.

3)   O Tai Mo, ou Canal do Cinturão, é assim denominado porque rodeia a cintura como um cinturão. Começa embaixo do umbigo, onde se divide em dois ramos que se estendem ao redor da cintura até os rins.

4)   O Ch’ueng Mo, ou Canal do Impulso, passa pelo centro do corpo, frontalmente ao Tu Mo e por trás do Jen Mo. Sua extremidade inferior localiza-se nos genitais e se estende para cima até pouco abaixo do coração.

5)   O Yang Yu Wei Mo, ou Canal Positivo do Braço, também começa abaixo do umbigo, passa pelo tórax e os ombros e desce pelo lado externo dos braços até a ponta dos dedos médios, retornando até o centro da palma das mãos.

6)   O Yin Yu Wei Mo, ou Canal Negativo do Braço, estende-se pelo lado interno dos braços, da palma das mãos até os ombros, e termina no tórax.
   
7)   O Yang Chiao Mo, ou Canal Positivo da Perna, estende-se ao longo dos lados do corpo: a partir do centro da planta dos pés, atravessa o lado externo das pernas e das coxas, sobe até a cabeça e termina logo abaixo das orelhas. Suas extremidades inferiores, na planta dos pés, são denominadas as cavidades yung-ch’uan. Este termo significa em chinês, “primavera borbulhante”.

8)   O Yin Chiao Mo, ou Canal Negativo da Perna, também começa nas cavidades yung-ch’uan, mas estende-se para cima através do lado interno das pernas até os órgãos genitais; depois sobe pelo centro do corpo até atingir um ponto entre as sobrancelhas.

O conjunto dos oito canais psíquicos forma uma rede interligada de caminhos através dos quais a ch’i flui livremente durante a meditação. Talvez entre os canais psíquicos, os mais importantes sejam o Tu Mo e o Jen Mo, pois ao longo deles localizam-se os doze centros psíquicos, que tem um significado especial na meditação. Ao longo do Tu Mo encontram-se os seguintes centros:

wei-lu – extremidade da coluna vertebral.

shun-fu – ligeiramente abaixo do centro da coluna.

hsuan-hsu – centro da coluna.

chai-chi – ligeiramente acima do centro da coluna.

t’ao-tao – abaixo da nuca.

yu-chen – atrás da cabeça.

ni-wan – alto da cabeça.

ming-t’ang – entre as sobrancelhas.

Ao longo do Jen Mo encontram-se os seguinte centros:

t’an-chung – no tórax.

chung-huan – acima do umbigo.

shen-chueh – no umbigo.

ch’i-hai – cerca de 7,5 cm abaixo do umbigo.

Os centros psíquicos desempenham papel fundamental na purificação da energia vital. São simbolizados de diversas maneiras nos escritos taoístas. Estão representados pelos doze hexagramas do I Ching que também simbolizam os doze meses do ano, bem como as doze horas do dia chinês. Desta maneira, a circulação do ch’i através dos doze centros psíquicos reflete o padrão cíclico dos processos cósmicos que produzem a alternância dos padrões de luz e escuridão, variações das estações e outras mudanças sazonais da Natureza conhecidas pelos mestres. A harmonia desse fluxo de energia no interior do corpo com os processos cósmicos é essencial para atingir-se a unidade com o Tao, objetivo supremo da meditação.

A meditação é um processo de purificação de energia, no qual o ching é transformado em ch’i, podendo circular através dos oito canais psiquicos combinada com a respiração. A circulação de ch’i o purifica, transformando-o, finalmente, em shen (espírito). No nível mais elevado o shen se torna shu (vazio). Deve-se circular a ch’i várias vezes, por todo o ciclo e canais para notar-se o processo de purificação. Desta forma, é essencial a prática da meditação como parte integrante da vida diária. Sua prática gera novas atitudes que afetam de forma positiva o estilo da vida das pessoas de diversas maneiras.

O aspecto da freqüência diária dos exercícios respiratórios do meditador devem ser associados a um bom regime nutricional, considerando-se que o processo de meditação é o de purificação de energia. A fome incomoda e interfere na concentração da mente durante a meditação. Ao contrário, se o estômago estiver cheio e houver dificuldades de digestão, o fluxo de energia na região abdominal sofrerá muitos obstáculos. Assim o iniciante deverá desenvolver o hábito de ingerir alimentos nutritivos e de fácil digestão, tais como arroz integral e vegetais. Devem ser evitados doces, comidas apimentadas, álcool e qualquer tipo de comida excessivamente temperada. Também é sempre aconselhável comer com moderação. O devotamento à prática da meditação conduz à moderação em todos outros aspectos da vida, especialmente com relação a desperdícios inúteis de energia.

Após estiver bem estabelecida a prática diária, o meditador gradualmente começará a sentir as melhorias, que podem ser percebidas em estágios definidos. No princípio, não se pode sentir a circulação de ch’i espontaneamente devendo se confiar na imaginação consciente para visualizar o ciclo em coordenação com a respiração. No entanto, após a prática desse método por um longo período, um fluxo de calor na parte superior das costas e na parte inferior da frente do corpo pode ser sentido, independentemente do processo consciente. Este é o segundo estágio de desenvolvimento. Num estágio mais avançado, uma sensação muito mais poderosa será experimentada. O abdome se torna muito quente, quando subitamente, sente-se uma onda de energia vital retornar pela base da espinha e subir pelo Tu Mo até o topo da cabeça. Ao atingir o topo, penetra através da língua no Jen Mo, quando sente-se um fluxo de saliva muito limpa e adocicada na boca. Trata-se de uma destilação da ch’i, que então flui pelo Jen Mo, descendo em forma de água. É denominado este fluxo na obras taoístas de meditação de “néctar divino”. Outros fenômenos que podem ser percebidos no estágio mais avançado incluem uma vibração no ventre, um tremor por todo o corpo e um movimento involuntário dos membros. Esses efeitos secundários não são essenciais para o processo de meditação, podendo ou não percebê-los, dependendo da idade e constituição física do meditador.

São muitas as alegorias e comparações que podem ser associadas ao processo meditativo. Muitas vezes o resultado da purificação da ch’i é frequentemente associado a uma planta em crescimento. É mencionado no clássico taoísta “O Segredo da Flor de Ouro”, obra que deve ser lida com extrema atenção, onde encontramos a analogia com uma planta. No processo de seu crescimento, ela começa como um broto amarelo, se desenvolve através de seu estágio de caule e folha e amadurece numa flor dourada, que finalmente produz novas sementes. Nos escritos taoístas, os doze centros psíquicos, já mencionados, são freqüentemente representados por constelações do zodíaco chinês. Estes signos também representam os doze meses do ano. Portanto, a circulação repetida de ch’i através do seu ciclo de purificação reflete o ciclo periódico das estações. Neste ciclo imutável, as plantas se desenvolvem passando pelas fases de broto, flor e semente, portanto num ciclo em harmonia com as estações do ano. Sendo cultivadas adequadamente as colheitas melhorarão a cada ano. Estas melhorias são sempre graduais e seus níveis de crescimento dependem de fatores climáticos e ambientais, sendo outra determinante a habilidade do jardineiro ou agricultor. Da mesma forma, com a prática diária, na meditação, o resultado de purificação de Ch’i se aperfeiçoará gradualmente. Este aperfeiçoamento, que não pode ser previsto, só estará limitado por fatores como a idade e a saúde física do meditador, e principalmente pela sua sabedoria.

Outra analogia comum, e mais reveladora, compara os processos pelos quais a energia psíquica é refinada aos métodos alquímicos, nos tratados clássicos de meditação chinesa. A alquimia era muito difundida na China antiga entre os mestres. Haviam muitos métodos complexos de manipulação, mas tal prática consistia principalmente em se combinar elementos para então purificar a mistura aquecendo-a várias vezes em diversos recipientes. O corpo do meditador pode ser comparado a um laboratório, onde o processo de purificação está ocorrendo. Os doze centros psíquicos, localizados ao longo dos canais já descritos, são como frascos nos quais a energia é refinada. A respiração é como um fole, gera e regula a intensidade do fogo, calor aplicado aos frascos. A energia psíquica é como a mistura fluída que é gradualmente purificada pelo calor e o aquecimento de cada frasco.

Os estágios de meditação são semelhantes aos do processo de refinamento alquímico. Os elementos são primeiro misturados. O corpo combina as substâncias nutritivas retiradas dos alimentos com os diversos fluídos secretados pelas glândulas e órgãos internos, formando tanto o sangue como a substancia sexual (ching). O calor é aplicado à mistura: a calidez da respiração transforma a energia sexual em Ch’i. Então a mistura passa por um ciclo de purificação, sendo aquecida nos diversos frascos, isto é, pelos doze centros psíquicos. A Ch’i circula pelos doze centros à medida que sobe pelo Tu Mo até o alto da cabeça e desce em seguida , pelo Jen Mo para retornar ao abdome. Tal processo chega ao seu final quando o produto refinado é tirado do frasco, sendo então armazenado ou utilizado. Desta maneira, na meditação, o produto do ciclo de purificação da Ch’i, ou o shen (espírito), é finalmente gerado, após muitos ciclos, à medida que a Ch’i sobe pelo Tu Mo até o topo da cabeça. Esta forma extremamente concentrada de energia psíquica, alojada na cabeça, pode ser usada de diversas maneiras, ou pode continuar seu fluxo, descendo pelo Jen Mo até o abdome. Através do exercício e manutenção de sua circulação, esta energia dinâmica pode ser armazenada para uso futuro.

Os Cinco Pontos de Concentração.

Na meditação, deve-se concentrar mental e fisicamente num ponto específico a fim de atingir sua meta. Cada escola de meditação enfatiza um ponto diferente, e até mesmo na mesma escola diferentes mestres tem opiniões diversas. Cada ponto, na verdade, possui especial importância. A concentração focalizada sobre cada ponto produzirá diferentes resultados. Recomendamos aos iniciantes que pretendem seriedade na meditação selecionar um ou dois pontos e dominá-los paulatinamente.

1)   Ni-wan. O primeiro ponto é o ni-wan, localizado na parte superior da cabeça. Este ponto é denominado de pei-wui na acupuntura chinesa. Pei significa “cem” e wui significa “encontro”. Muitas artérias e veias e terminações nervosas se encontram neste ponto da cabeça. Na Yoga, ele é denominado “sahasrara” ou chakra da cabeça. Também é chamado o “Lótus de Mil Pétalas”. É o mais alto do centros físicos de consciência iogue. Caso o meditador se concentre neste ponto, sentirá a pele muito esticada. Mais tarde, sentirá suor e umidade. De acordo com a crença taoísta, quando se atinge o nível mais alto de meditação, o espírito deixa o corpo através deste ponto. O meditador segundo os mestres sentirá um brilho na cabeça semelhante ao Sol, uma fonte de luz dourada, com todas as “pétalas” ao redor de uma base multicor. O patriarca taoísta Lu Tuan Pin disse que se alguém se concentrar neste ponto, sentirá que a mente é muito luminosa interiormente, semelhante a uma luminescência branca. Algumas escolas localizam este ponto um pouco adiante, no local “mole”, ou moleira. Lao Tzu chama este ponto de “Portais do Paraiso”.

2)   Tzu-chiao. O segundo ponto está localizado dentro do centro da cabeça , entre as sobrancelhas, mas um pouco abaixo delas. É chamado de tzu-chiao. Concentrando a mente e semicerrando os olhos, o meditador pode olhar para dentro. Na anatomia ocidental , este ponto é denominado glândula pituitária. Na Ioga é denominado de “Terceiro Olho”, ou “ajna chakra”. Segundo os iogues o ponto, em forma de uma lótus de duas pétalas, constituindo o centro do sexto sentido, está associado à clarividência , à visão interna e ao conhecimento do mundo além deste. Concentrando-se neste ponto, o meditador pode produzir hormônios, e processar o elixir da vida. No estudo ocidental da Ioga e da meditação chinesa, vários artigos foram escritos sobre estes fenômenos, mencionando a importância deste ponto. Na terminologia taoísta, o ponto é chamado de tan-t’ien superior.

3)   Chung-kung: O Tan-t’ien Médio. O terceiro ponto, localizado entre o esterno e o plexo solar, em chinês tem este nome que significa literalmente o “Palácio Central” ou o “tan-t’ien médio”. Na Índia, este centro de consciência é denominado de “anahata” ou chakra do coração. Seu simbolo é a Roda ou o Lótus estilizado, enquanto que no Tibete é representado sómente como o Lótus. Doze pétalas douradas Na antigüidade oriental, este ponto era considerado o local do coração. Naquela época, o coração e a mente eram considerados um só. Somente a visão racionalista ocidental tenta negar sua ligação. Na anatomia médica ocidental este ponto corresponde ao local da glândula timo, que é importante no processo de equilíbrio do sistema imunológico do corpo. Na terminologia taoísta, este ponto corresponde ao trigrama Li (Fogo) Na meditação, este ponto se combina com o quarto ponto (Água) para produzir calor e aquecer o abdome.

4)   Tan-t’ien Inferior. O quarto ponto é chamado na Yoga, de “manipura” ou “chakra do umbigo”. Este ponto conforme os textos está localizado para alguns mestres cerca de 3,5 cm abaixo do umbigo, outros 7,5 cm. A partir do centro de uma área entre os rins e o umbigo, 70% de sua extensão prolonga-se para a frente e 30% para as costas. Ele corresponde ao trigrama K’ai. Nessa região são produzidos água e esperma ou óvulos. Conforme já mencionado acima, a concentração neste ponto no processo de meditação combina fogo e água, coração e rim. Quando é atingido o ponto, os elementos de todos os orgãos internos são direcionados para produzir esperma ou células-ovo, que são transmutados em um elixir ou “remédio”. Na Segunda etapa deste processo químico biológico, o elixir é transformado em ch’i, ou vitalidade. Este processo desenvolve uma cavidade chamada ch’i-hsueh. Muitos dos meditadores usam, inicialmente, este ponto de concentração. Concentração neste ponto tranqüiliza a mente, aquece o abdome e fortalece a ch’i. A mente então passa a ch’i através do quinto ponto, para a coluna vertebral a fim de concluir a Circulação Celeste Maior. Este processo muitas vezes ocorre automaticamente. Os taoístas denominam este ponto como o fogão ou caldeirão, onde o fogo aquece a água, a qual, quando suficientemente aquecida, produz vapor.

5)   Yang-kuan. O quinto ponto é chamado a Cavidade da Vida ou da Morte. É semelhante ao            Muladhara indiano ou chakra fundamental. É localizado entre o ânus e a região pubiana. Este é um ponto crítico para a circulação da ch’i. Quando a vitalidade produzida pela meditação atinge este ponto, ela pode fluir como esperma e ao combinar-se com um óvulo, ocorre a fecundação e conseqüente concepção. A concepção significa nascimento para o bebê mas morte para o homem ( ou a mulher ) pois a perda de vitalidade encurta a vida. No entanto, se a ch’i atravessar o ponto e retornar através da coluna vertebral para circular novamente pelo corpo, a longevidade e imortalidade podem ser finalmente alcançadas.

O meditador pode usar qualquer um dos pontos de concentração, independente da ordem. Segundo a Doutrina da Flor de Ouro, o meditador deve começar pelo segundo ponto, tzu-chiao. Quando, pela concentração neste ponto, a meta tiver sido alcançada, o meditador deverá combinar a concentração no segundo ponto com o quarto ponto – o tan-t’ien inferior. Na obra, Segredos da Meditação Chinesa de Lu K’uan Yu, o mestre taoísta Yin Shih Tzu defendia o tan-t’ien inferior ou quarto ponto, como partida, deslocando a concentração para o tan-t’ien médio, ou terceiro ponto.

Yoga Curativa – Exercícios Respiratório para a Saúde.

Objetivos – Através das práticas milenares de meditação taoístas e budistas realizar um processo de autocura e, ou auxílio aos que sofrem doenças de origem física ou psicológica. O propósito desta prática de meditação é melhorar a saúde e prolongar a vida.

A respiração tem um significado tão importante para o organismo quanto a circulação sangüínea. A tensão, seja ela psíquica ou física, conduz à distúrbios do processo respiratório causando ansiedade e medo. Em função disto a medicina chinesa sempre dedicou especial atenção à respiração correta, que desempenha papel de destaque nos cuidados ativos para prevenção de doenças e manutenção da saúde. Na antiga China, já se sabia que o acesso ao espírito se dá através da respiração. Em todas as questões relativas à Yoga Curativa, a mente é o soberano, seus poderes são ilimitados, quando usados de forma adequada.

Diferente da abordagem ocidental, a cura taoísta não se trata de invocar a ajuda de um ser divino que supostamente se ofenderá a menos que se tenha absoluta fé em sua intervenção; pelo contrário, trata-se de conectar o infinito poder do Tao, que está presente tanto no que cura quanto no paciente, bem como nas plantas e minerais porventura utilizados na composição de drogas medicinais ministradas. Não há qualquer contradição entre a cura espiritual e o tratamento médico, questão hoje bastante em voga na moderna terapia holística.

Adaptadas às condições vigentes nos países ocidentais, apresentaremos a seguir algumas práticas para promover a circulação do Ch’i e assim através da respiração consciente auxiliar na prevenção de doenças de toda a ordem. Podemos usar os métodos de meditação para atingir este objetivo, que é duplo: (1) manter os orgãos internos livres de vírus e bactérias patogênicas, (2) se já estão presentes, removê-los dos orgãos internos.

Respiração Rápida – O método taoísta para limpar os orgãos internos dos microorganismos nocivos consiste na Respiração Rápida. A respiração curta e rápida, que deve ser semelhante a de um cachorro ofegante, durante alguns minutos, puxa os fluídos internos e os elimina através dos ductos lacrimais e das membranas mucosas do nariz.

A prática de meditação que utiliza tal técnica sofreu modificações no decorrer dos séculos. Nos tempos antigos, os taoístas queimavam varetas de incenso, olhavam fixamente para o clarão da ponta incandescente e respiravam rapidamente, até ficarem com lágrimas nos olhos. Com esta técnica os elementos nocivos eram expelidos através das lágrimas. Outros eram excretados através do muco nasal. No entanto, a fumaça do incenso apresentava desvantagens, pois estimulava os olhos através do exterior e os feria, e além disso, provocava tosse. O incenso foi então substituído por uma bola de cristal ou esfera hipnótica. Sua superfície lisa refletia a luz para a qual o meditador olhava fixamente.

Na falta de tal instrumento, pode ser utilizada uma lampada apagada, amarrada a um bastão de madeira, ou a um cilindro de papelão de 30 a 40 cm de comprimento. A essa altura a esfera pode ser mantida ao nível dos olhos, distante 30 ou 60 cm do rosto, e precisa refletir a luz. Devemos concentrar os olhos na lâmpada e respirar rapidamente pelo nariz durante alguns minutos, até que as lágrimas e o muco sejam expelidos. Alguns podem não ter energia suficiente para manter o ritmo por um período superior a sete minutos, sendo seis minutos o suficiente para a prática. A Respiração Rápida é semelhante à água agitada e quando entra em vigor os sentidos vibram com energia e uma grande quantidade de calor é produzida no corpo.

Respiração Lenta – É importante fazer com que a temperatura diminua, com o objetivo de fazer o corpo voltar a sua temperatura natural. A Respiração Lenta acalma e revigora. O meditador deve respirar lentamente pelo nariz, dirigindo a mente, a respiração e a vitalidade de volta ao abdomem. À medida que o corpo assume um estado mais sereno, a mente experimenta uma grande e incomum tranqüilidade.

A proporção entre a Respiração Rápida e a Respiração Lenta é de cinco para uma, isto é, para cada seis minutos de Respiração Rápida deve-se praticar meia hora de Respiração Lenta. Após adotarmos a prática de maneira constante em nossas vidas notaremos maior limpeza em nossos olhos, menos catarro e outras excreções e considerável melhora da saúde geral.

Método de Autocura.

De preferencia pela manhã, após a higiene corporal e ritual, o iniciado coloca-se na postura de meditação e realiza sua prática de respiração para acalmar a mente e o corpo contra qualquer perturbação. Quando estiver livre de pensamentos impróprios, ele concentra sua atenção no fluxo do Ch’i através dos pontos de concentração e reflete em silêncio as seguintes palavras:

“Meu corpo, embora pareça ser composto de substancias densas, é na realidade uma manifestação passageira do Tao, não densa, mas infinitamente sutil. Não apresenta nenhum obstáculo para a penetração do Ch’i, que permeia em cada recanto, entrando e saindo pelas oito cavidades e poros, capaz de passar através dos nervos, ossos e cada um dos orgãos. Minha mente agora está tranqüila, e minha respiração está inaudível, regular e profunda, embora suave. Estou consciente do Ch’i que flui em cada canto e fenda do meu ser”.

Esta meditação preliminar deve prosseguir até as sensações de leveza, de vigor e bem-estar apareçam.

Se o mal a ser curado é psicológico, isto é, espiritual, uma ansiedade insistente ou fobia, ele deve ser visualizado como uma pequena nuvem escura que paira sobre o segundo ponto, entre os olhos. Se tratar-se de um mal físico, a nuvem é visualizada na parte afetada do corpo e daí transferida mentalmente até fixar-se o mais próximo possível dos cinco pontos, a saber: o segundo ponto atrás dos olhos, o Tan-t’ien Superior, também chamado de Portão Escuro; a cavidade Ni-wan, na parte superior da cabeça, o primeiro ponto; o Centro do Coração ou Tan-t’ien Médio, o terceiro ponto situado no centro do corpo (Timo); o quarto ponto, situado atrás do umbigo, o Tan-tíen Inferior, ou o quinto ponto, situado na base interior do pênis. As moléstias dos membros superiores devem ser atraídas para o Centro do Coração; as dos membros inferiores, para o Tan-t’ien inferior, também denominado Centro do Fogo.

Quando a nuvem negra atingir o local apropriado, o iniciado fixa toda sua atenção nela e ao mesmo tempo não permite que nada perturbe a tranqüilidade de sua mentee de seu corpo, e principalmente o ritmo da respiração. Após tomará consciência do Ch’i interior e exterior, que deve agir continuamente sobre a nuvem, tal como correntes purificadoras de ar. Pouco a pouco a nuvem ficará menos opaca e deve desaparecer completamente. ( Se por acaso o meditador perceber lampejos de chamas brancas ou coloridas no interior do Portão Escuro, pode considerar como sinal favorável, mas que não deve perturbar o exercício da tranqüilidade com sentimentos de espanto ou exaltação ).

Depois de desaparecer a nuvem, o iniciado permanece absorto durante tempo suficiente para perceber as sensações revigorantes de leveza e liberdade mental. Gradualmente então retorna ao seu estado normal de consciência, continuando na posição sentada calmamente por dois minutos antes de sair do lugar.

A perseverança da prática tornará a Yoga cada vez mais eficaz. Não devemos esperar resultados surpreendentes na primeira sessão, a menos que o meditador já tenha algum tipo de experiência anterior ou um elevado nível de mediunidade. Os males psicológicos, isto é, espirituais com freqüência podem ser reduzidos rapidamente, com algumas sessões. Ansiedade, medo, histeria podem ser resolvidos desde que o meditador siga corretamente as práticas. As doenças de ordem fisiológica levarão mais tempo, exigindo várias sessões. No caso de dano orgânico grave, o máximo conseguido será o alívio da dor e do desconforto, e diminuição de sintomas, garantindo uma recuperação mais rápida do tratamento médico padrão, caso tal seja ainda possível. A cura total pode ser difícil para um iniciado médio, a menos que ele seja dotado de talentos mediúnicos extraordinários. Portanto devemos determinar no início da primeira sessão, se é possível a cura total, aumentando ou diminuindo os objetivos conforme o caso, que deve ser devidamente diagnosticado pelo médico do doente.

Curando outras pessoas.

Deve-se repetir a prática do item anterior, com a diferença de que a reflexão sobre nossa natureza sutil e o livre fluxo do Ch’i deve relacionar-se com o corpo do outro, o paciente. Este deve, se presente, estar sentado ou reclinado na frente do curador; se ausente deve ser imaginado como se estivesse ali. Em seguida, o curador concentra-se na doença em que trabalhará, visualizando uma pequena nuvem negra na cabeça do paciente, se o mal for de ordem psicológica, isto é, espiritual, ou na parte afetada do corpo se a moléstia for física. Através do poder da mente, o curador faz com que a nuvem se eleve no ar e entre na parte correspondente em seu próprio corpo. Caso sinta algum dos sintomas do paciente, trata-se de um bom sinal que não deve distrair sua concentração. Será relativamente fácil suportar alguma dor ou aflição sabendo-se que será logo dissipada.

A nuvem negra é levada para cima, para o interior do Portão Escuro, o Tan-t’ien superior, e para nenhum outro lugar, não importando de que parte do corpo do paciente tenha vindo. Ao desejar veementemente, mas sem nada dizer, que o paciente fique curado, o curador contempla o Ch’i interior e exterior ao seu ser atuando continuamente sobre a nuvem negra, como um fluxo medicinal de ar, até que, gradualmente a nuvem se torna menos opaca, mais rarefeita até dissipar-se completamente. Enquanto isto o paciente, se for capaz de fazê-lo, pode utilizar a Yoga de autocura descrita no item anterior, para reforçar os poderes da cura. Podem ocorrer, neste caso, sensação de leveza e liberdade mental no corpo de ambos. O retorno ao estado normal de consciência deve ser gradual.

Deve-se efetuar tantas sessões quanto forem necessárias até perceber-se os processos de cura ocorrendo, podendo em casos mais graves proceder ao alívio da dor, da aflição ou outros sintomas se a prática for realizada com consciência e o paciente cooperar, tornado-se receptivo a influência do curador. Mesmo com a redução dos sintomas, o tratamento convencional ministrado pelo médico não deve ser abandonado em nenhuma hipótese.

Cura em grupo.

Curar ou aliviar os próprios males psicológicos, isto é, espirituais raramente é difícil; curar problemas físicos próprios ou de outras pessoas pode estar um pouco além dos poderes de um iniciado novato. Por outro lado, a cura em grupo – mesmo com principiantes – poderá produzir resultados notáveis desde o começo. Este método é preferível aos demais pelos ótimos resultados alcançados. O paciente é colocado ou visualizado como se estivesse no centro de um grupo com doze ou mais pessoas. Estas sentam-se na posição adequada fixando o interior do círculo através dos olhos e mente. As primeiras horas da manhã são as melhores para realizar as sessões. Todos os integrantes do grupo devem ter realizado sua limpeza ritual, com evacuação dos intestinos e eliminação de urina, banho corporal, limpeza da boca e tranqüilização da mente. Todas as mentes devem permanecer tranqüilas e livres de turbulência ou ansiedade, ocupadas em pensamentos agradáveis de elevação, serenos e enaltecedores. Assim que o grupo estiver formado, e cada pessoa ocupando seu lugar no círculo, cada estágio da prática deve ser cuidadosamente explicado a todos antecipadamente. O grupo realiza então o exposto no item Método de Curar outras Pessoas, começando, é claro, com o controle da respiração e tranqüilização das mentes dos integrantes do grupo. O paciente deve ser sensibilizado a aceitar o método curativo, permanecendo tranqüilo e aberto às influências curativas do grupo, e se possível realizando o Método de Autocura já mencionado anteriormente, enquanto os outros se esforçam para curá-lo.

Além do líder do grupo, o mais experiente na prática, que teve a tarefa de explicar a todos que saibam o que fazer, é aconselhável um cronometrista para marcar o tempo de cada estágio da concentração. Sua função é marcar o tempo com uma sineta indicando quando um novo estágio deve ser iniciado conjuntamente. Ele baterá suavemente no sino em cada estágio sem assustar ou distrair os integrantes do grupo. Caso ele próprio esteja participando da prática deverá esperar até que os outro o alcancem. Da mesma forma, os outros aguardarão o soar do sino para o novo estágio mesmo que terminem antes dos demais. Somente no momento da cura em grupo deve ser concentrado em conjunto, nos demais estágios cada participante terá oportunidade de decidir quando foi completado com sucesso.

Estágios da Prática.

1)   Limpeza.

2)   Controle da respiração e tranqüilização da mente ( 5 a 10 minutos ).

3)   Reflexão sobre a sutil natureza do corpo e fluxo do Ch’i ( 5 a 10 minutos).

4)   Visualização da nuvem negra, atraindo-a para sí próprio ( 2 minutos )

5)   Dissipação da nuvem e apreciação das sensações de leveza e liberdade (10 a 20minutos).

6)   Retorno gradual ao estado normal de consciência ( 3 minutos ).

7)   Permanecer calmamente sentado antes de levantar-se ( 2 minutos ).