Arcanos Maiores

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Tarot de Marselha

sábado, 28 de agosto de 2010

Tratado de Alta Magia

“Satanás talvez seja um dos olhos de Deus que perambula sem rumo pela Terra”(Jó 1,7)


Segundo Eliphas Levy, um dos maiores magos que já existiram, a magia é sustentada por quatro colunas:

SABER    QUERER    OUSAR    CALAR

Avental Maçonico

Magia, tem origem na palavra “magi” de origem parse, povo que habita o atual Irã, onde se localizava o antigo império Persa e segundo Porfírio significa “intérprete e sacerdote das coisas divinas”, isto é, “homem sábio.” Na antiga Pérsia, a magia de Zoroastro, é a ciência das coisas divinas, que seus reis ensinavam aos filhos, para que eles aprendessem a governar seu estado com retidão, outros filósofos afirmavam ser a medicina do espírito, pela qual a temperança é concedida à alma, assim como, por ela, a saúde é restituída ao corpo. Podemos dizer então que “magia” na verdade significa “sabedoria”. A Magia vem sendo tratada cada vez mais com respeito no Ocidente, graças a evolução do próprio conhecimento humano no campo científico e filosófico.  O que antes era rotulado de sobrenatural pelos supersticiosos de então, hoje passa a ser objeto de pesquisa em todas as áreas de conhecimento onde abrange e atua. Na medicina, na física, na psicologia, os especialistas deixaram de olhar com suspeita os fenômenos decorrentes da utilização das antigas técnicas que eram de exclusivo domínio de xamãs e magos do passado. Ao contrário, muitos especialistas renomados tem estudado estas práticas terapêuticas e aplicado em seus pacientes obtendo pleno sucesso na cura de moléstias físicas e psíquicas.

Conforme Papus transcreveu em seu “Tarô dos Boêmios” certo texto atribuído ao seu confrade F. – Ch, Barlet: “na antigüidade, os cientistas eram também sábios como o testemunham Pitágoras, Platão, Aristóteles. Em nossos tempos, ao contrário, a ciência e a sabedoria procuram uma à outra sem conseguir se encontrar, ou ferem-se, num conflito mortal: a questão religiosa. Pode-se ver, todavia, como uma tal separação é contra a natureza, pelo estudo destes filósofos positivistas, cujos extensos conhecimentos e seus admiráveis esforços para edificar uma síntese de sabedoria científica merecem com razão o primeiro lugar no mundo intelectual moderno. Ao passo que seu aforismo fundamental é que nada pode ser abordado pelo homem, além do mundo dos fenômenos, suas obras testemunham tendências crescentes a franquear, a despeito deles mesmos, os limites que antes quiseram impor-se; arrebatados que são por essa natureza que amam, e que conhecem melhor que qualquer um, em suas manifestações últimas. Pode-se compará-los a insetos aprisionados pelos vidros de uma janela; ferem-se contra ele desesperados, distinguindo claramente o raio que deve conduzi-los à fonte de toda a luz sem poder segui-lo, além de sua prisão. Os espiritualistas, ao contrário, livres, do lado de fora, e como que perdidos no oceano luminoso, nele vagam, sem bússola, incapazes de encontrar aquele raio condutor, desespero dos positivistas.”            

Entretanto a verdadeira Magia é um fenômeno complexo. Não se trata simplesmente de um conjunto de práticas, ritos e cerimônias, com o objetivo de interferir no curso natural dos acontecimentos, com a ajuda de forças “sobrenaturais”, ou melhor dizendo energias ainda inexplicadas pela ciência formal, mas acima de tudo representa, uma nova e completa visão do universo, uma atitude perante o mundo, e com certeza uma regra de vida. Deve ser encarada como filosofia de vida, e como tal propõe uma série de princípios fundamentais, sistematicamente relacionados entre si, que buscam explicar o universo, o homem e Deus.

Ao conjunto de leis básicas denominamos Ocultismo, que pretende, conforme seus estudiosos, ir além da Magia pura e simples. O Ocultismo é a disciplina que investiga os mistérios da natureza e o desenvolvimento das faculdades psíquicas que permanecem potencialmente latentes na humanidade. A partir destes princípios  se estruturam as atividades necessárias para atuar no plano material ou influir sobre ele, utilizando tais energias, modificando-o de acordo com as necessidades do agente transformador humano.

A prática mágica tem por objetivo alterar a natureza de maneira específica, a fim de satisfazer o desejo humano de dominação das forças vitais do universo, sempre além das zonas de experiência atingidas pelo conhecimento científico. A Magia moderna, dentro deste contexto de evolução, deve desmistificar e aprender a manipular as forças ainda invisíveis do universo, ou fenômenos ainda qualificados de sobrenaturais e pretender submetê-los à sua ordem e equilíbrio. Não devemos pretender alterar tais leis universais, mas dispor destas energias, aproveitando seu fluxo inesgotável para atingir determinada evolução ou evento.

No Ocidente, as principais fontes de conhecimento mágico são alguns textos que sobreviveram a perseguição católica, a Cabala hebraica, a Astrologia, a Alquimia, o Tarô e a Adivinhação.

MAGIA DA CABALA

“Eu sou a videira, vós os ramos.
Quem permanece em mim, e eu, nele,
esse dá muito fruto; porque sem mim
nada podeis fazer.”     (João 15.5).

A palavra Cabala ( Qabalah em hebraico ), provém do verbo “Qibel” (aceitar, receber, tomar algo), significando a transmissão da tradição oculta ou esotérica dos Hebreus. Alguns estudiosos indicam sua origem em Enoque que a transmitiu ao patriarca Abraão. Outros relacionam a Moisés, um iniciado na sabedoria dos sacerdotes egípcios, sua origem. Entretanto, mais importante que conhecer sua origem histórica, devemos apreender seu significado para prosseguir em nossa jornada de conhecimento.
   
Dentro da estrutura da Cabala, a ÁRVORE DA VIDA, com suas emanações divinas, as dez Sephirot, correspondem cada uma, a um nome do Criador, como potências universais da Criação ou princípios criadores do Ain-Soph, o ilimitado. A árvore como ícone está presente em quase todas as religiões do planeta. Sua vitalidade, na subida da seiva, a energia telúrica que sobe das raízes em direção às folhas, enquanto sobre a copa desce do universo a energia cósmica, simboliza o principal atributo do planeta Terra na geração de vida sensível (bios) a partir da matéria bruta e nosso contato irremediável com o universo.

Na sua concepção, as Sephirot do lado direito ( Chocmah, Chesed, Netzach ) correspondem ao princípio masculino ativo ( coluna da misericórdia ); as do lado esquerdo ( Binah, Geburah, Hod ) pertencem ao princípio feminino, passivo ( coluna da severidade ) ; as centrais ( Kether, Tipharet, Yesod e Malkuth ) concernem ao equilíbrio, compatibilizando princípios opostos.

Dá-se o nome de Adam Kadmon à totalidade das Sephirot, símbolo do homem prototípico ou arquetípico, indicativo como revelação que o ser humano é um universo em miniatura (microcosmo), síntese de Deus – Universo e Ser contém e são contidos entre sí.

Para a Cabala, de fundamento, como já visto, distintamente panteístico, considera Deus, as criaturas, o universo e as forças e energias que neste atuam, entrelaçadas por analogias e correspondências necessárias, o fenomenicamente externo é expressão do nuomenicamente interno, isto é, em outras palavras “o visível é a expressão do invisível.” Como no axioma mágico de Hermes Trimegisto “Assim como é em cima, é embaixo....” O panteísmo é a doutrina segundo a qual só Deus é real e o Universo é o conjunto total de emanações divinas ou manifestações do Criador.

Desta forma a Cabala admite que tal como o superior e o interno ( relacionado ao celeste e ao invisível ), exercem influência sobre o inferior e o externo ( o terrestre e o visível ), o oposto também ocorre, ou seja, a inteligência inferior e manifesta do ente relativo, representado pelo microcosmo, pode se comunicar e atuar em relação à inteligência superior e imanifesta ( numa palavra, tudo aquilo de que a criatura humana se destaca, seu ponto de intersecção com o macrocosmo ou Ente Absoluto ).

Segundo a tradição hebraica quando o Mago procura a união espiritual com o que é divino, com o que é superior e bom, pratica a Magia Branca. Para tal finalidade serve-se da prece e da meditação, acompanhadas ou associadas a certas cerimônias e rituais que auxiliam a concentração da idéia e da vontade.

Quando porém utiliza as forças invisíveis para fazer algum mal, exerce a Magia Negra, que é condenável, porque os demônios que auxiliam o Mago Negro na execução de suas práticas abomináveis, conduzem-no finalmente a perdição espiritual.

Menos condenável que a Magia Negra ( Maaseh Khishuph ) é a Magia Natural (Maaseh Shedim), que evoca e conjura os elementais, servindo-se deles para certos fins.

Toda Magia depende, principalmente, da força espiritual e firmeza de vontade. Todos os homens possuem clarividência e faculdades mágicas em diferentes graus.

Cada ato mágico pressupõe uma certa intenção forte e firme, para atrair a influência dos espíritos superiores; além disto é necessário ter viva imaginação, para que as impressões das esferas invisíveis se gravem profundamente na alma.

O Mago há de identificar-se com o objeto da sua meditação; por isso, há de ser calmo, livre de paixões e desejos, condições estas que encontra na solidão e no isolamento. Em qualquer ponto de sua evolução espiritual existe um método adequado de meditação que vai cambiando conforme a própria evolução. A Cabala não deve ser procurada por meio do contato grosseiro nem com os argumentos da lógica. Seu fundamento encontra-se na terceira região dos conhecimentos.

O Homem que sabe viver espiritualmente, libertando-se do domínio dos sentidos externos, pode entrar em comunicação com as esferas interiores do Universo, e através do seu inconsciente ver o passado e o futuro.

Conforme a Cabala, cada ação deixa no éter um vestígio, uma imagem, e é por meio destas imagens astrais que o clarividente pode descobrir o passado. Do futuro pode ver só aquilo que lhe mostram as correntes fluídicas de eventos que fluem do passado e do presente para prepararem os acontecimentos vindouros.

Entretanto, toda faculdade clarividente tem seus limites, que dependem da evolução espiritual do Mago experimentador. Os acontecimentos futuros que dependem da livre vontade de uma criatura ou da decisão da providência, são conhecidos somente pela divindade, que os pode anunciar aos profetas.

O mundo intelectual é formado por uma hierarquia de seres de inumeráveis graus, tendo todos sua origem e existência em Deus, e são tanto mais espirituais, quando mais próximos estão da fonte divina. Muitas são as denominações que recebem em diferentes culturas, porém possuem as mesmas características angelicais entre os povos do mundo.
               
A  Árvore da Vida (Otz Chiim), ou árvore dos dez sephirots ( singular: Sephira: numeração ) se constitui na base da ciência cabalística e através de sua simbologia tenta explicar os mistérios da Criação com a ajuda de números. É uma síntese que se aplica a todas as coisas e idéias nos Planos divino, intelectual, afetivo, e material, uma tentativa em estabelecer uma lógica universal que nos permita entrever mundos além do nosso horizonte habitual, e através de um sistema ordenado nos aproximar de conhecimentos raramente acessíveis aos não iniciados.

Os sephirots podem ser representados através dos números de 1 até 10, sendo a dezena considerada como retorno à Unidade. São Tomás de Aquino ensina que a unidade é um todo indivisível e o princípio do número, e que o número é a unidade repetida. Ele acrescenta que o número dez é o primeiro e inultrapassável limite dos números. Para lá de 10, os números não continuam, mas recomeçam. Segundo a Cabala simbolizam os atributos divinos, ou a manifestação da substância divina, o Ain Soph. Muitas são as definições encontradas para a palavra Ain Soph, mas sua interpretação correta seria Deus em Si mesmo, Sua Essência é incogniscível para o homem. Os cabalistas reconhecem três planos, ou três véus do Imanifestado. O primeiro destes chama-se Ain, ou Negatividade; o segundo, Ain Soph, o Ilimitado; e o terceiro, Ain Soph Aur, a Luz Ilimitada. É este último plano que concentra a Sephira Kether. A intenção da Biblia no seu uso de vários nomes de Deus é distinguir os vários níveis de consciência pelos quais o Ain Soph se expressa ou manifesta. O Sem Limites, o Infinito, o que corresponde ao Parabram dos hindus ou mesmo ao Tao dos chineses, conforme Aleister Crowley relacionou em sua obra. Também pode ser representado numericamente pelo Zero, o nada, Deus não manifestado.

Suas manifestações ou dez Sephiroths porém podem ser conhecidas, pois são atributos do Deus manifestado:



SEPHIROT                             SIGNIFICADO                      NOME DE DEUS.

1 – KETHER Coroa; princípio dos princípios.                           “EU Sou" Ehyeh.
Potência Suprema – Despertar da Consciência.
Inspiração, criação mental – O Espaço.
O falo, a águia.

2 – CHOCMAH Sabedoria Divina; o princípio masculino.                    Yah.
Passividade – Pensamento Criador.
Logos – o Ar e o Sopro – O Movimento.
A vagina, o esperma.

3 – BINAH Inteligência Divina; o princípio feminino                     YHVH Tetragrama
Concepção – Sopro de Vida.
União dos opostos – O Tempo.
A Água, o Oceano, o parto, o gênio.

4 – CHESED/ GEDULAH
Graça / Misericórdia; o poder material                                                      El
Ordem – Expansão da Vida.
Materialidade – O Fogo.
O raio, o cetro.

5 – GEBURAH / PECHAB
Força / Temor à Deus; a Justiça Divina                                                 Eloah
Zênite – Rigor, Severidade, Dever.
Poder criador – A Morte (Declínio)
A espada.

6 – THIPHERETH
Beleza; a sensibilidade primordial                                                         Elohim
Nadir – Vitalidade abundante.
Renascimento – O Sol, Calor
A lâmpada, o ouro.

7 – NETSACH
Triunfo, Vitória; o ciclo completo                                                YHVH Shebaoth
Oriente – Firmeza, Sucesso.
Força sexual – A Produção.

8 – HOD
Glória / Repouso; a lei Universal                                                  Elohe Shebaoth
Ocidente – Ciência, Informação
Percepção sensível – O Comércio.
O Caduceu, a palavra, os escritores.

9 – YESOD
Fecundação / Geração; o Meio, a Base                                             Shadai
Fundamento – Energias latentes
Estabilidade pela mudança – A Fortuna.
Os sonhos, a vidência, a Lua.

10 – MALKUTH
Reino / Reinado; o retorno à unidade.                                              Adonai
Norte – Pensar, Querer, Agir.
Maturidade – A Colheita, a terra.
Sistemas planetários, a Terra.

Na construção da Árvore da Vida as nove Sephirots são repartidas em três tríades, contendo cada uma dois princípios opostos e um princípio de conciliação. O “Sepher ha-Zohar”, fala de quatro mundos:

- 1, 2 e 3 compõem um triângulo com ponta para cima, símbolo da Trindade Espiritual, representa os atributos metafísicos de Deus, ou o mundo intelectual, os arquétipos que contém o Princípio das coisas em poder da Criação, “Olam Atsilus.” É o mundo da emanação ( fogo = ouros ), o plano divino, a sede, o processo interior, de onde o Nada (Ain Soph) cria nossa “realidade”. O Poder que domina o Abismo. Esta forma triangular é denominada Triângulo das Três Supremas, ou Primeira Trindade, o qual é separado das demais Sephirot pelo Abismo, que a consciência humana normal não consegue cruzar. Aqui estão as raízes da existência, oculta aos nossos olhos.  Para o homem representa psiquicamente o inconsciente coletivo.

Na Primeira Trindade, existe uma terceira Sephira, curiosa e misteriosa, que nunca é representada no hieróglifo da Árvore; trata-se da Sephira invisível Daath (Conhecimento), que resulta da conjunção de Chokmah (Sabedoria) e Binah (Compreensão) e que atravessa o Abismo. Afirma Crowley que Daath é uma outra dimensão das demais Sephiroth, constituindo o vértice de uma pirâmide cujos ângulos básicos correspondem a Kether, Chokmah e Binah. Segundo Dion Fortune, Daath representa a idéia da compreensão e da consciência. Na doutrina cabalista o nível de Daath é o mais alto que o Eu Superior pode atingir. Relacionado ao Espírito Santo, o espírito-múltiplo-uno, guia e direciona a personalidade através das diversas encarnações. Segundo alguns cabalistas, quando completa a integração da alma-personalidade-espírito, quando todas as partes do Self estiverem unidas, então Daath, ou o Abismo, será atingido até a essência divina de Kether.     

- 4, 5 e 6 compõem um triângulo invertido, símbolo do mundo da Criação, “Olam Briath”, encerrando as idéias concretas das coisas, em poder da Criação ( água = copas ). Pode ser associado também ao mundo moral. Criação é o movimento pelo qual o espírito, saindo do seu isolamento, se manifesta como espírito em geral, sem revelar o mínimo de individualidade. Segundo a cabala o mundo da Criação é a morada dos anjos, que formam coletividades. Nosso espírito (Neshamah) pertence a este mundo, que está psicologicamente relacionado ao inconsciente individual no homem. 

- 7, 8 e 9 formam o terceiro triângulo virado, o mundo das formas ou da Formação, “Olam Yetsirah”, o mundo astral (ar = espadas) encerrando as imagens exatas das coisas em via de materialização, e conforme a Tábua da Esmeralda de Hermes Trimegisto: “Tudo o que está no alto é igual ao que está em baixo.” também associada ao mundo físico. Segundo a cabala, formação é o movimento pelo qual o espírito se manifesta ou se decompõe em uma multidão de espíritos individuais. Neste mundo  povoado por entes espirituais invisíveis, pertence a alma (Ruach), também associado a consciência no homem. É através deste mundo que comandamos a matéria. 


- “Olam Assiah” o mundo da manifestação (terra = paus), onde vive o homem, ou seja na matéria, chamado em hebraico de Assiah. Mas não significa apenas isto, mas também o mundo sensível. De acordo com a cabala, o que percebemos deste mundo com nossos sentidos corporais, não é senão a esfera mais inferior, a mais material. A este mundo da manifestação pertence nosso corpo (Nephesh) com a vida celular. É onde nosso DNA existe e se manifesta, ordenando as funções das células. 

É a balança do Livro da Criação. As tríades com triângulos invertidos são reflexos da primeira superior nos planos inferiores, como a imagem de um objeto que se reflete na superfície de um líquido. A tríade superior está associada ao Plano da Criação  e as sete Sephirot inferiores estão relacionadas à construção e execução da Obra.

Conforme já mencionado anteriormente, as Sephirot do lado direito ( 2, 4, e 7 ) representam o princípio masculino, ativo, também chamada Coluna da Misericórdia; as do lado esquerdo ( 3, 5, e 8 ) representam o princípio feminino, e chama-se Coluna da Severidade, as do meio ( 1, 6, e 9 ) são a conciliação dos princípios opostos, sob Kether, chama-se Suavidade, recebendo o título adicional de Coluna do Equilíbrio. A última Sephira é o resumo e conjunto de todas as outras; corresponde à Harmonia do plano planetário.

Estas duas colunas são representadas nos dois pilares do Templo do rei Salomão e também nas Lojas de Mistérios e altares de templos, constituindo o próprio candidato ou celebrante, quando permanece entre eles, a Coluna Medial do Equilíbrio.

Considerando ainda o simbolismo das duas colunas laterais da Árvore, descobrimos que Chokmah e Binah representam a Força e a Forma, as duas unidades da Manifestação. 


CONSTITUIÇÃO DO SER HUMANO.

O homem é, conforme a Cabala, um ente relativo complexo, composto de três partes que são:

1-    Nephesh, corpo (soma) com o princípio vital;
2-    Ruach, a alma (psyché), sede da vontade, que constitui própriamente a personalidade humana.
3-    Neshamah, o espírito (nuos), quer dizer a centelha de Deus.

Estas três partes correspondem às “almas” de Platão, que não por acaso, constituem também um ternário, ou aos corpos mental, astral e físico da teosofia ou ainda aos corpos espiritual, natural e carnal dos cristãos, e diferenciam-se conforme a Cabala, entre si como o concreto, o particular e o geral, de maneira que uma é reflexo da outra. As três estão entrosadas uma dentro da outra, mas cada uma delas tem sua morada ou receptáculo conforme afirma o “Zohar.”

Elas não são completamente distintas e separadas uma da outra; ao contrário, devemos representá-las como passando uma para outra, pouco a pouco, da mesma forma que as côres do espectro, as quais, embora sucessivas, não podem ser distinguidas exatamente, fundindo-se uma na outra.

Presos à terra, por um lado, limitados em termos de energia vital, de virtudes, e de consciência, somos, por outro lado, manifestações da essência divina (Celeste), que é ilimitada, imortal, virtualmente onisciente e todo poderosa. Somos indivíduos mortais, possuindo um núcleo imortal e supraindividual, comenta Heinrich Zimmer em “Mitos e símbolos na arte e civilização da Índia.” 

Paracelso, o grande alquimista, não tinha dúvida de que a Cabala é um mapa acurado do “firmamento interior” do homem. Como sistema filosófico, a Cabala pode oferecer respostas mais plausíveis aos mistérios da psique humana do que qualquer sistema moderno de filosofia ou psicologia, inclusive o de Jung.
    

Comentários sobre a Cabala:

“Cada sefira, por sua vez, tem também suas dez sephirot, o que resulta em um número ilimitado de árvores cabalísticas. É o que se denomina pomar (...) investigar esses sublimes mistérios significa introduzir-se no pomar”, explica Papus em “A Cabala.”    

Eliphas Levi, o grande ocultista busca seu sentido ao explicar as dez Sephirot no seguinte texto:

“Deus é o único postulatum, a hipótese absolutamente necessária que serve de base a toda a certeza; eis como os antigos mestres estabeleceram sobre a ciência mesma esta hipótese certa da fé: - O Ser é. No Ser está a vida. A vida se manifesta pelo movimento. O movimento se perpetua pelo equilíbrio das forças. A harmonia resulta da analogia dos contrários.”

“Há na natureza, uma lei imutável e progresso indefinido. Observando o mundo físico, encontramos uma perpétua mudança de formas , e a indestrutibilidade da substância. A metafísica vos apresenta leis e fatos análogos, quer seja na ordem intelectual, quer na moral: de um lado o verdadeiro, o imutável, e de outro lado o mal, que é falso; e destes conflitos aparentes resulta o juízo e a virtude.”

“A virtude se compõe de bondade e justiça. Sendo boa, a virtude é indulgente. Sendo justa é rigorosa. É boa porque é justa, e é justa porque é boa; e assim é bela.”

“Esta grande harmonia do mundo físico e do mundo moral, não podendo ter uma causa superior a si mesma, revela-nos e demonstra-nos a existência de uma Sabedoria imutável, princípio e leis eternas, e de uma Inteligência criadora, infinitamente ativa.”

“Sobre esta Sabedoria e esta Justiça, inseparáveis uma da outra, repousa aquela Potência Suprema, que os hebreus denominam a Coroa. A Coroa (Kether), e não o rei, porque a idéia de um rei implicaria a de um ídolo. A potência é a Coroa do universo, e a criação inteira é o reino ou domínio da Coroa.”

“Deus é, pois, a Potência ou Coroa Suprema ( Kether ) que repousa sobre a Sabedoria imutável ( Chocmah ) e Inteligência criadora ( Binah ). Nele está a bondade ( Chesed ) e a Justiça (Geburah), que são o ideal da Beleza ( Thiphered )”
.

“Nele há movimento sempre vitorioso ( Netsach ) e o grande Repouso Eterno ( Hod ). A sua vontade é uma Geração contínua ( Iesod ), e o seu Reino ( Malkuth ) é a imensidade que povoa os universos.”

Vinte e dois são os caminhos, correspondendo as vinte e duas letras fundamentais, três mães: Aleph, Memm, Schin; elas correspondem ao prato do mérito, ao prato do demérito e à balança da lei que conserva o equilibrio entre eles; sete duplas, beth, ghimel, daleth, kaph, pe, resch, tau, que correspondem à vida, à paz, à sabedoria, à posteridade, à graça, à dominação; doze simples, he, vau, dsain, cheth, theth, jod, lamed, nun, samech, tsade, koph, que correspondem à visão, ao ouvido, ao olfato, à palavra, à nutrição, à coabitação, à ação, ao caminhar, à cólera, ao riso, ao pensamento e ao sono conforme escreveu Papus em sua obra  “A Cabala.”


William G. Gray em “Concepts of Qabalah” escreve: “A sutileza do conceito como um todo é tão grande, que se torna difícil para a mente humana assimilá-lo sem um enorme esforço a ser gasto em estudo e contemplação. Assim foi, de fato, com a fórmula da relatividade de Einstein, E= mc2, em seu tempo. Ainda agora ela está além da compreensão de muitos mortais. Eles podem olhá-la, ler informações a seu respeito, ouvir palestras sobre ela e fazer qualquer coisa, menos assimilá-la de forma a que se torne uma realidade interior. Enquanto não acontecer isto, a Árvore nada será além de círculos, linhas e pontos no papel.” E ainda: “Uma pessoa com a mente estofada de informação poder ser uma pessoa com conhecimentos, mas de forma alguma ela será, necessariamente, sábia.”

“Não se tem que supor que estes Mundos estão um em cima do outro no espaço ou no tempo (...) Este é um dos principais inconvenientes das representações por diagramas”, explica Israel Regardie em “Um jardim de granadas.”

“Nós precisamos ter em mente que todos os tais atos religiosos, como ler a Lei, orar, e a execução de outros preceitos servem exclusivamente como meios de nos ocupar e preencher a nossa mente com os preceitos de Deus, e libertá-la das coisas do mundo”, afirma Moses Maimonides em “The guide for the perplexed.”

“Assim como a idéia do microcosmo significou que o homem atua sobre o mundo com magia direta porque o mundo se acha inteiramente contido e refletido no homem, da mesma forma a concepção cabalística implica a idéia de um nexo mágico que, por mais sublimado e espiritualizado, é efetivado magicamente pelo ritual. (...) ainda que o cumprimento de um determinado rito concreto possa parecer ato finito, abre ele uma visão do infinito”, escreve Gershom G. Sholem em “A Cabala e o seu simbolismo.”

“Quando um homem é verdadeiro para si mesmo, suas necessidades serão supridas, porque o “self” da pessoa é o “Self” de Todos, e tem acesso aos recursos de todo o Universo”, propõe Z’ev ben  Shimon Halevi em “Adão e a árvore cabalística.”

“Como os livros sagrados em geral, a Cabala reflete a sabedoria de um povo, a experiência profunda da humanidade, que é encontrada não nas realizações conscientes, e sim naquilo  que se pode apreender nas camadas do inconsciente coletivo de Jung”, explica Alberto Lyra em seu “Qabalah.”

SHECHINAH

“A Cabala deve chegar à mulher e esta deve alcançar aquela. Ela tem condições tão boas ou melhores do que as do homem para isto (...) Se os cabalistas falam de uma parte feminina em Deus (Shechinah), tem que ser conseqüentes e ver o divino também no feminino”, comenta Alberto Lyra em sua obra. Mais adiante explica:   “Scholem acha que a afirmação de um elemento feminino em Deus é um dos progressos mais ricos em conseqüências. No entanto isto é olhado com desconfiança pelo judaísmo rabínico (...) A circuncisão de Abraão é a marca de sua união com a Shechinah, e as suas visões eram manifestações de Shechinah (Zohar). Após a circuncisão é que Abraão adquiriu mais um He, isto é, uniu-se ao segundo He de IHVH, que representa a Shechinah”, afirma o autor em “Qabalah.”

“Ele tornou-se consciente da Shechinah repousando sobre ele. Neste estado sagrado, a Presença penetrou seu ser”, ensina Z’ev ben Shimon Halevi em “The anointed.” sobre Moisés ao receber os Dez Mandamentos.

“Toda a vida é dotada de uma marca, presente embora oculta. Os cabalistas chamaram-na de Tav (Tau), o sinal da Shechinah, ou da presença divina no mundo” explica Stephan A . Hoeller em “A gnose de Jung.”

Segundo Leo Reisler em seu livro “Kabbalah – A árvore da sua vida,” Shechinah... “Significa, basicamente, a habitação. O quarto mandamento diz: “Santificarás o dia do Shabath”, um dia em cada sete em que deveria haver a sua união com Deus. Na cerimônia do Shabath estaria presente o espírito da Shechinah, a presença feminina de Deus. Poder-se-ía dizer que ela equivale a Nossa Senhora, no rito cristão; Amaterassu-o-Kami, no rito xintô; e Shiva ou Kali, no vedanta. Sempre a vontade feminina da geração e extermínio.” Conforme o autor representaria também a sefira Malkuth.  

Sepher Yetzirah.

Texto atribuído a Adão, também conhecido como Livro da Criação, descreve pela primeira vez o poder mágico de combinações das letras hebraicas. Este tratado discute a criação do universo através do simbolismo dos dez algarismos e das 22 letras do alfabeto hebreu. Juntos são chamados as 32 partes do conhecimento.

O primeiro modelo de Árvore da Vida, como hoje a conhecemos, começou a circular pela Europa por volta do séc. XII; ela foi escolhida pelos sábios porque representava um símbolo universal e porque seu grafismo permitia tornar a meditação possível, graças a sua estrutura esotérica precisa. 
 
A Árvore Sefirótica (Etz Chaim) ou Árvore da Vida é utilizada para meditação diária e como ponto de referência iniciática. As dez Sephiroth constituem os dez primeiros caminhos, denominados caminhos objetivos. As ligações entre elas formam os 22 caminhos restantes, ou caminhos subjetivos. Eles marcam a Evolução descendente, da criação e formação do Universo, e a Evolução ascendente, do Homem até Deus, dependendo a forma como percorrermos esses 32 caminhos.


No séc. XIX, Eliphas Levy foi o primeiro a vincular os 22 Arcanos Maiores do tarô às 22 letras hebraicas. Em meados do séc. XX. alguns autores afirmam que Gareth Knight, discípulo de Dion Fortune, associou as 22 lâminas maiores com os 22 caminhos da Árvore da Vida dos cabalistas. Mas possivelmente o primeiro introdutor desta correspondência foi Aleister Crowley como atesta Dion Fortune em sua obra “A Cabala Mística.” 

Foi então imaginado que para percorrer os caminhos da Árvore da Vida, o diagrama do Universo cabalístico, entre suas esferas ligadas entre si, é necessário abrir suas portas, simbolizadas pelos 22 Arcanos Maiores do tarô. As esferas correspondem às grandes forças do Universo, que desembocam em Malkuth, a negra, a terra. O Mago que aspira o conhecimento, à iniciação, deve aprender a usar estas forças.

Antes de abordar o estudo da Árvore da Vida, que deve levar ao autoconhecimento, à harmonia interior e à aquisição de sabedoria, é necessário exercer as faculdades de meditação. O Mago deve dedicar-se a uma reflexão precisa, reunir uma síntese das idéias nascidas da concentração meditativa. Para atingir seu objetivo convém isolar-se e não se deixar distrair pelo mundo circundante. Para serem bem assimilados e compreendidos, cada esfera e cada caminho exigem uma atenção perfeita e um desenvolvimento de todas as faculdades, para que a intuição e a imaginação possam exercer seus papéis. 

Leibnitz foi iniciado na Cabala por Mercure Van Helmont, filho do célebre alquimista, sendo ele próprio grande alquimista, informa Papus em sua obra. Segundo consta ele acreditava que os avanços que obteve em matemática foram fundamentalmente decorrentes de ter sido bem-sucedido em encontrar símbolos para representar quantidades e as suas relações. “E certamente”, diz Couturat, “não há dúvida de que a sua mais famosa invenção, aquela do cálculo infinitesimal, surgiu da sua constante busca por simbolismos novos e mais gerais (...).”       

O misticismo merkabah do primeiro período e a Cabala da última dispersão mística judaica permeiam-se de idéias de mansões celestiais e da habilidade do místico ocultista em elevar-se através delas até o trono de Deus. Os sábios do passado conceberam uma linda metáfora para o progresso espiritual, a subida de uma árvore. Os quatro mundos podem ser sobrepujados pelo homem, através da evolução genética (DNA), da meditação, e percepção maior do inconsciente na sua forma individual, da consciência, fonte do livre arbítrio e do inconsciente coletivo de onde provêem os deuses da humanidade. A Cabala, segundo  Leo Reisler em seu “Kabbalah”, “é realmente uma grande forma (arquétipo) do ser humano.”     

O MISTÉRIO DA CRIAÇÃO.

Conforme mencionado em “A Possessão Diabólica” de Corrado Balducci é contado que em 1823, em Ariano di Publia, na província de Avelino, um rapaz de 12 anos, analfabeto, sofreu possessão demoníaca. Recorreu-se sem alguma hesitação então ao exorcismo. Segundo é registrado na obra dois célebres pregadores, os padres dominicanos Gassiti e Pignataro, que se encontravam na Vila em missão pastoral, impuseram a Satanás, em nome de Deus, que demonstrasse teologicamente, com um soneto de rimas obrigadas, a Imaculada Conceição da Virgem, questão bastante debatida naqueles tempos.

O pequeno possesso pronunciou o seguinte soneto:

Verdadeira Mãe sou de um Deus que é Filho
e Filha d’Ele, embora sua Mãe;
ab eterno Ele nasce e é meu Filho,
e eu, que nasci no tempo, sou sua Mãe.

Ele é meu Criador e é meu Filho,
eu, Criatura sua e sua Mãe;
foi prodígio divino ser meu Filho
um Deus eterno, e ter-me a mim por Mãe.

O ser quase é comum a Mãe e Filho
porque do Filho teve o ser a Mãe
e da Mãe teve o ser também o Filho.

Ora, se o ser do Filho teve a Mãe
ou se dirá que foi manchado o Filho
ou que é sem mancha se dirá da Mãe.

Trinta anos depois, em 1854, Pio IX proclamava solenemente o dogma da Imaculada Conceição. Ficara maravilhado perante versos tão exatos teologicamente, o Sumo Pontífice ao tomar conhecimento do soneto forjado no inferno...em honra de Maria.      


 COSMOGONIA – A Teoria dos Campos de Energia.

Na grande imensidão negra do Vazio, isto é, do Nada Absoluto, a Potência primordial KETHER representada por uma esfera sem dimensões, o ponto pulsante de partida do centro do Universo, criou e pressionou Chocmah a tocar a lisa superfície infinita de Binah, quando esta curvou-se em falsa submissão, e como uma pequena pedra que é arrojada a um grande lago, Chocmah, o semeador Cósmico arrojado ao vazio, produziu uma grande onda de energia. Assim tudo o que foi produzido veio à existência da não existência. O Universo não foi criado de um elemento que o precedeu no tempo, uma vez que o tempo, também em expansão a partir do ponto zero, foi uma parte da Criação. A grande onda concêntrica formada pelo contato das duas potências difundiu-se em direção ao infinito. Sua energia, diferente de ser produzida de forma caótica como uma grande explosão de uma arma nuclear, pelo contrário criou a necessária ordem nas partículas em um movimento primordial, induzindo outras ondas, fótons, hólons, partículas de muitas e diferentes magnitudes e freqüências, carregadas de “informação”, que preencheram e percorreram imensos espaços seguindo a instrução primordial no sentido de ordenamento da matéria através das leis físicas que conhecemos que passaram a ser governantes. Este movimento cósmico, o movimento da Criação, contudo ainda não cessou. Nesta energia primordial onde está o programa, em cada partícula ou subpartícula encontramos a inteligência da Criação, prova irrefutável para a maioria dos físicos e cosmologistas da atualidade na existência de uma mente superior, um Ente Absoluto que comanda da mais ínfima partícula até as mais complexas formas de vida possivelmente existentes no Universo. Existe na intenção da Criação o sentido de finalidade.

Os reflexos da Criação sobre nossa realidade, isto é, aquilo que acreditamos ser real, produto da matéria densa, na verdade energia em contínuo movimento, criando Maya, a ilusão de tridimensionalidade e individualidade dos corpos, efeito dos fenômenos manifestados neste plano espacial através de nossa percepção. Representada na Árvore da Vida, como Binah, o princípio feminino, é Maya, a energia universal da ilusão da matéria densa, Kuan Yin, a misericordiosa no budismo chinês, o Yin do taoísmo, a deusa Kali das religiões ortodoxas hindus, a Grande Mãe, o Grande Mar Primordial de onde surgimos que se entregou a Chocmah em falsa submissão.

O engano da ilusão do mundo material, ao acreditarmos possuir um corpo que contém uma mente, ao meditarmos descobrimos que nossa energia transcende em muito o espaço físico de nosso organismo. Quando dormimos, ou entramos no êxtase da meditação podemos visualizar isto através de sonhos ou do transe induzido no meditador. Somos tão “desencarnados”, quanto os outros entes relativos que alguns denominam espíritos, somos na verdade campos de energia cósmica que vagueiam pelo infinito em perfeita sintonia com a freqüência primordial do Criador. Feixes de ondas que encerram informações em nosso campo morfogenético, determinantes da energia do nosso “ser.” Nada disso parece sobrenatural, pois na verdade é a natureza do universo. Sua fonte é inesgotável, e só pára de fluir, isto é, entra em refluxo quando o organismo adoece e morre, regra que serve para seres vivos, planetas, sistemas e galáxias, garantindo assim o equilíbrio permanente das energias do Kosmos. A  aparente solidez da matéria, como sabemos, é em função de vibrantes campos magnéticos, que impedem a interseção de objetos sólidos, como por exemplo, atravessar nossa mão através de uma mesa igualmente sólida, pois os átomos e partículas constituintes tanto da mão quanto da mesa, proporcionalmente, encontram-se anos luz de distancia entre sí, no plano do microcosmo. Só as ondas magnéticas resultantes destes campos impedem o caos na matéria sólida.

Segundo antigo texto encontrado na “Hermetica”, traduzido do grego e do latim por Sir Walter Scott:

“E o incorpóreo não pode ser encerrado por nada; mas pode em si, encerrar todas as coisas; é a mais rápida de todas as coisas; e você verá que é assim. Peça à sua alma que viaje a qualquer região que escolher, e assim que você tiver pedido para ir, lá ela estará. Peça que passe de uma terra para o oceano, e lá estará não menos rapidamente; ela não se moveu como nos movemos de um lugar para outro; mas está lá. Peça que voe para o céu, e ela não terá necessidade de asas; nada poderá barrar seu caminho, nem o forte calor do sol, nem o rodopiar das esferas – planetas; rompendo seu caminho através de tudo, ela irá voar até que alcance o mais externo de todas as coisas corpóreas.” 

Como querem os praticantes iogues, devemos considerar nosso corpo sutil como a totalidade de nossos sentidos, nossa essência espiritual celeste em oposição ao corpo causal ( Anandamaya-kosha ), nossa parte terrestre, ligada à sobrevivência da matéria, à experiência da carne, nosso mais interior receptáculo de energia, ligado aos nossos diversos apetites, desejos excitantes, a cobiça e o egoísmo. Todos os dois princípios fazem parte da essência primordial que nos movimenta. O casamento entre o céu (corpo sutil) e a terra (corpo causal), representados como Tiphereth e Malkuth, também faz parte do conhecimento da Cabala.  

Nosso corpo sutil deve estar conectado às energias da virtude e compaixão. As virtudes atraem ritmo vibratório da consciência grupal do Kosmos e permitem que o aspecto amoroso da alma se torne o fator motivador. O amor é o grande fluído aglutinador universal tanto da matéria, quanto do espírito levando o ser a uma evolução constante de seu aspecto mental.

Para o Mago, nada do que acontece é acidental, tudo obedece a uma única lei, que não é tanto como uma coerção, mas antes escolhida como uma libertação da tirania do acaso. O acaso é exatamente aquilo que a disposição autotranscendente do Kosmos supera.

São com estas energias primordiais da Criação que o Mago da Luz trabalha. Usando estas ondas de energia presentes na natureza para impor no mundo material uma transformação através de uma indução espiritual do campo do agente no microcosmo, evitando quebrar o equilíbrio cósmico, sempre em busca da Compaixão, do autoconhecimento, da Luz interior, búdica / crística. Através da meditação o Mago pode ampliar seu campo energético, e de forma ativa alterar através da concentração alguns estados de matéria e até mesmo eventos. Como um bônus terá automaticamente alterado a própria percepção do mundo ao redor.

Para cada impulso luminoso, temos seu reflexo imediato, seu ponto sombrio. Esta é a lei Universal, cargas de igual polaridade se repelem, opostas se atraem. Do outro lado temos a energia do corpo causal, uma expressão do impulso de separação, o vício que subordina a alma às metas do “eu” inferior. Os vícios incluem qualidades como o ressentimento, a dureza, o orgulho, a arrogância, a teimosia, o desprezo, a preocupação, e o fanatismo. A Magia Negra sempre propõe a ligação do microcosmo com aspectos terrestres em oposição aos celestes.

Porém até mesmo o Mago Branco, o Guerreiro da Luz, sofre o dualismo, e deve buscar na sua contrapartida o devido equilíbrio de sua magia. Razão pela qual os Magos taoístas evitam intervir ou alterar o fluxo natural dos eventos através da magia, e buscam transformações através do empreendimento da própria vida, a verdadeira magia. O VERDADEIRO Mago não precisa de instrumentos para penetrar nas ondas primordiais do Kosmos, como uma ave em vôo sabe perfeitamente onde as correntes de ar flutuam. Mantém SEMPRE sua mente alerta para o presente.

O GUERREIRO DA LUZ.

A magia verdadeira envolve o equilíbrio das polaridades integrantes na energia primordial que alimenta o Universo, que é de origem divina, reflexo da Criação. Para alcançarmos o objetivo de praticar a Magia, devemos desenvolver qualidades intrínsecas à sua execução. Desta forma o Guerreiro da Luz deve estar imbuído das seguintes qualidades: Auto-Controle (ARCANO: A Força ), Disciplina (ARCANO: A Papisa ), Paciência (ARCANO:O Eremita), Oportunidade (ARCANO: O Mundo) e Vontade (ARCANO: O Mago ).

“Escolhe o teu mestre”, diz o Talmude  ( Pir. Aboth, I, 6); e acrescenta seu comentarista: “Que obtenha um único mestre e que receba  sempre dele o ensinamento tradicional, e que não receba esse ensinamento de um mestre hoje, amanhã de outro.” O bom mestre impede que o iniciado na jornada ao explorar o oculto desviar-se e perder-se em situações perigosas. Pois a confusão e a loucura espreitam de emboscada. Razão pela qual tanta ênfase é colocada na obtenção de estabilidade e equilíbrio antes que rituais e cerimônias mágicas sejam aconselhadas ou permitidas aos iniciados.

Conforme já foi dito é provável que o perigo mais mortal apresentado pelas práticas mágicas seja o encorajamento da megalomania ou ilusões de poder pessoal a ponto de aqueles assim afligidos  se tornem uma ameaça  a si próprios e a todos os outros ao seu redor. Conforme vários mestres já alertaram, a superação da ilusão do “eu” constitui o componente mais importante, se não único, para se obter a iluminação. Muitas vezes o “eu” assume o papel de senhor da psique, usurpando assim a função do “self.” O produto deste tipo de inflação do “eu” pela identificação com o inconsciente coletivo são terríveis. Levam os homens a crer em seitas fanáticas, possessões, satanismo ou até mesmo promover autos-de-fé sangrentos sob a desculpa da manutenção de suas crenças.

O despertar da alma pode acontecer em qualquer época da vida adulta. Tanto quanto Deus, a alma comanda o Universo, e o que ela ordena Deus executa, segundo diz Papus. Ela é uma força que reside no corpo, sendo que suas propriedades dependem também da condição do corpo ao qual está interligada, em mútua relação. Aqueles que pretendem desenvolver sua alma devem possuir como pré-requisitos decisão, disciplina e esforço.

A alma é bissexual. O símbolo da perfeição humana é igualmente hermafrodita, uma vez que a alma e o espírito, devem fundir-se num só. Mas não é só em aspectos da sexualidade que devemos integrar nossos opostos visando um crescimento espiritual. No mundo dos fenômenos, da Criação, todas as coisas estão divididas em duas polaridades ou oposições; macho e fêmea, bem e mal, luz e sombras; unicamente em Deus é que ambos os princípios se reúnem, pois Ele é a causa de todas as coisas.

“Quando o Eu Superior e o Eu Inferior se unem, pela completa absorção do inferior pelo superior, alcança-se o verdadeiro Adeptado; é a Grande Iniciação, a União Divina Menor. É a suprema experiência da alma encarnada; e, quando isto ocorre, ela está livre de qualquer compulsão para reencarnar na prisão da carne. Ela está livre para subir aos planos e entrar em seu repouso, ou, se assim escolher, para permanecer na Esfera Terrestre e funcionar como um Mestre,” afirma Dion Fortune em sua obra.

Atração, repulsão, cada partícula condensa a sabedoria e a informação necessária do Todo para seu deslocamento no espaço tempo em direção da Criação. Pensar que tal movimento é obra do acaso é inconcebível  do ponto de vista do observador, isto é, da essência do ser no plano físico. Uma só norma regula seu funcionamento, provando a Unicidade das disposições tanto no micro como no macrocosmo, uma só lei regula a conduta de subpartículas e planetas.

RITUAL DE ALTA MAGIA
 
O ritual, a prática espiritual de “religare”, com as energias espirituais possui raízes que se perdem nos tempos da humanidade. Até mesmo outros primatas desenvolvidos, os “neanderthals”, nossos primos, promoviam cerimonias fúnebres para enterrar seus mortos como provam as descobertas arqueológicas. O que permite pensar que a fé na transcendência do espírito está arraigada na humanidade desde muito.

A mente humana expressa através do ritual mágico sua ligação com a divindade e utiliza seus instrumentos de culto como forma de concentração, em oposição a idéia de dispersão da mente ou idolatria. Nada deve importar ao iniciado que inicia sua jornada, a não ser a concentração do vazio, nenhuma visão deve impedir o verdadeiro desenvolvimento de uma percepção superior.

O ALTAR

Independente da sofisticação e riqueza da Loja ou irmandade, todos podem alcançar bons resultados com poucos recursos, sendo falsa a idéia de montar um altar para oração e meditação comprando itens caros em lojas exotéricas. Os verdadeiros símbolos são aqueles criados pela nossa própria consciência. Acreditamos que os iniciados devem fazer suas ferramentas com suas próprias mãos, com ou sem esmero, para aprimorar a capacidade de concentração da consciência, que deve ser completamente envolvida na construção destes objetos de culto, como instrumentos de meditação.

Segundo os rituais ainda utilizados pelas irmandades esotéricas que afirmam os possuem desde a aurora dos tempos, o iniciado é introduzido pelo rito de iniciação na loja, em uma cerimônia baseada da dramatização da morte do discípulo e seu renascimento em uma nova condição pessoal. O iniciado então adquire até mesmo outro nome ao tornar-se adepto da irmandade, pelo batismo de iniciação. Como primeira tarefa mágica deve confeccionar suas “armas” ou insígnias, o que lhes atribui maior poder. Conforme alguns autores, este conjunto normalmente se compõe de sete peças: um copo ou cálice (água), uma adaga cerimonial ou athame (ar), uma salva de metal ou moeda (terra), uma vara de madeira (fogo), uma espada para a fogosa energia de Marte, uma vara de lótus para invocações e desaparições, e uma insígnia da irmandade para levar ao peito nos cerimoniais.

Estes instrumentos, denominados Armas Elementais, na verdade simbolizam o controle do iniciado sobre os fatores elementais, ou internos de sua própria personalidade em evolução, isto é, todo o conjunto psico-espiritual. Para o ocultista, os quatro elementos em continua mutação, representam as forças espirituais manifestadas envolvidas neste movimento interior/exterior.

Segundo texto do “Tarô dos Boêmios”, discorrendo sobre Teosofia: “a iniciação compreende duas partes diferentes, mas solidárias: a teoria dos recursos e das necessidades de seu empreendimento, que o neófito recebe sempre sob o benefício de um inventário, com a reserva absoluta de sua liberdade de pensamento – e a prática, onde ele se exercita, sob a direção de seus mestres, no treinamento psíquico, intelectual e moral que deve fazer dele um iniciado.”      

Dion Fortune em sua obra “A Cabala Mística” afirma:

“A melhor arma  mágica é o próprio mago, e todos os demais expedientes não passam de meios para um fim, e este é a exaltação e concentração da consciência que transforma o homem comum num mago. “Não sabeis que sois o templo do Deus vivo?”, disse um Grande Ser. Se sabemos como utilizar os objetos simbólicos desse templo vivo, temos as chaves do céu em nossas mãos.”

O CÍRCULO MÁGICO

Para realizar qualquer ritual, o mago deverá estar inscrito no círculo mágico, visando sua proteção psíquica contra as enormes energias invocadas. Conforme Idries Shah em sua obra “Magia Oriental” relata: “o invocante meditava em completa reclusão por um período de até 48 horas. Escolhia-se um dia claro e luminoso. Então, em algum lugar determinado pela prática da magia ( o mago geralmente usava seu próprio quarto ou alguma caverna ou lugar santo em ruínas), era descrito o círculo mágico. Dentro de seu diâmetro de seis pés ( aproximadamente 1,83 cm de diâmetro ) estava o espaço-tabu que protegia o mágico e que nenhum gênio do mal poderia cruzar. No círculo, quase sempre dentro de um anel concêntrico, era escrito com giz, no solo, o nome de Deus.”

Embora existam variações consideráveis de formas e escritos utilizados entre os textos conhecidos, os princípios básicos de invocação eram semelhantes em todos. O mago após purificar-se através de um banho com ervas, prepara suas vestimentas cerimoniais, varas e outros instrumentos já mencionados, purificando-os, e assim traçava o círculo, que geralmente não só era um círculo, mas uma mandala com vários nomes de poder, que garantem a inviolabilidade do corpo e da mente do mago, que conjura o espírito dentro de um triângulo traçado fora do círculo para proteger a integridade da personalidade do mago. Quando da aparição do espírito, o mago tem que cordialmente submetê-lo, obrigando-o a se pôr ao seu serviço; caso não consiga atingir este objetivo e o espírito consiga escapar do triângulo e penetrar no círculo sagrado, o mago poderá ser despedaçado.  

A prática de consagrar um círculo para proteção do mago possui referências históricas milenares. Nos rituais entre os hebreus e outros posteriores, poderia assumir uma cadeia contínua de palavras como: Agla, Alohim, Adonai, ou Alfa, Ômega, Tetragamaton.

Dentro do círculo são colocados os instrumentos do ritual. Esses podem incluir óleo, uma espada com os nomes acima mencionados nela inscritos e um braseiro de fumigação. O incenso deve coincidir com o anjo ou entidade ou força planetária a ser invocada.

Segundo encontramos na obra de Idries Shah, “talvez o registro mais antigo de fórmula para consagrar um círculo seja o seguinte, tirado da série de tabletes assírios Surpu”:

Guarde! Guarde! Barreira que ninguém pode passar.
Barreira dos deuses que ninguém pode quebrar,
Barreira do Céu e da Terra, que ninguém pode mudar,
Que nenhum deus pode anular,
Nem deus ou homem pode relaxar,
Armadilha sem saída, armada para o mal,
Rede que ninguém atirar, espalhada para o mal.
Seja mau espírito, ou mau demônio, ou mau fantasma,
Ou diabo mau, ou deus mau, ou gênio mau,
Ou demônio-hag, ou vampiro, ou duende-ladrão,
Ou fantasma, ou espectro da noite, ou criada do fantasma,
Ou praga má, ou moléstia da febre, ou suja doença,
Que tenham atacado as águas brilhantes de Ea*,
Possa a armadilha de Ea apanhar;
Ou que tenham assolado a comida de Nisaba,
Possa a rede de Nisaba** prender;
Ou que tenham rompido a barreira,
Não permita a barreira dos deuses,
A barreira do Céu e da Terra, que sigam livres;
Ou que não reverenciam os grandes deuses,
Que os grandes deuses prendam,
Que os grandes deuses amaldiçoem;
Ou que atacam a casa,
Que num quarto fechado entrem;
Ou que circulam ao léu,
Que a um lugar sem saída sejam levados;
Ou que vigiam à porta da casa,
A uma casa sem saída sejam levados a entrar;
Ou que passam a porta e o ferrolho,
Com porta e ferrolho, uma tranca imovível, possam ser fechados;
Ou que sopram o limiar e a dobradiça,
Ou que forçam o caminho contra a tranca e a aldrava,
Que como água sejam vertidos,
Como uma taça se partam em pedaços,
Como um ladrilho se quebrem;
Ou que pulam o muro,
Suas asas sejam cortadas;
Ou que jazem num quarto,
Suas gargantas sejam cortadas;
Ou que se trancam num quarto lateral,
Suas faces possa-se esbofetear;
Ou que resmungam numa câmara,
Suas bocas possa-se fechar;
Ou que vagam num quarto superior,
Com um “bason” sem abertura possa-se cobri-los;
Ou que escurecem ao amanhecer,
Ao amanhecer sejam levados a um lugar ensolarado.

Utilizamos com sucesso esta fórmula e garantimos sua eficácia ao fim que se destina. Outra fórmula para consagrar um círculo mágico também é mencionada por Idries Shah.  Ele informa que espíritos que não necessariamente os dos mortos podem também ser invocados de maneira semelhante.


* Terceiro no panteão sumério, Ea, cujo nome em Sumério, Enki, significa senhor da terra, na realidade era o deus da água potável. Era também o deus principal da cidade de Eridu e o deus da sabedoria e da magia. **Nisaba ou Nidaba era a deusa da fertilidade. Uma divindade semente, deusa dos caniços e dos juncos, tão abundante nos terrenos pantanosos junto aos rios e aos canais. Como os caniços serviam para escrever sobre a argila, ela passou a ser associada como divindade dos números e dos presságios, além disso se qualificava como a deusa das plantas em geral.

A seguinte consagração cristianizada do círculo é típica dos ritos caldeu-semítico. Depois de feito o círculo o invocante entoa:

Em nome da santa, abençoada e gloriosa Trindade,
Procedemos ao nosso trabalho neste mistério para
conseguir aquilo que desejamos:
Nós, portanto, em nome dos acima ditos,
Consagramos este pedaço de solo para nossa defesa,
de forma que espírito de nenhuma espécie possa atravessar
estas fronteiras, nem causar injúria ou detrimento
a qualquer dos aqui reunidos. **
Mas que eles sejam convencidos a ficar diante
do círculo e responder sinceramente nossas demandas,
se isso agradar a Ele, que viveu para todo o sempre
e que diz: “Eu sou Alfa e Ômega, o começo e o fim,
que é, foi e será, o todo-poderoso.
Eu sou o primeiro e o último, o que está vivo e foi
morto; eis que vivo para todo o sempre;
e tenho as chaves da morte e do inferno.
Abençoai, ó Senhor! Esta criatura da Terra em que
Pisamos...” ***
Confirmai, ó Deus, vossa força em nós, para que nenhum
Adversário e nenhuma coisa má possam nos fazer fracassar,
pelos méritos de Cristo. Amém.

** Era costume dos magos estarem acompanhados de um ou dois ajudantes. *** A terra, como os outros elementos, tem seu próprio espírito referido como a criatura da Terra. Ao tomar seu lugar dentro do círculo e jogar incenso no fogo, certificando-se que tem ao seu lado um pentagrama ou selo de Salomão para proteção, o mago entoa o seguinte tipo de invocação, que foi tirado de um livro mágico greco-egípcio, traduzido por Goodwin, segundo Idries Shah em seu livro já mencionado:

Eu vos invoco a Vós que criastes a Terra e os ossos e toda carne
e todo espírito, que estabelecestes o mar e sacudistes os Céus,
que dividistes a luz das trevas, a grande mente reguladora,
que dispusestes todas as coisas, olho do mundo,
espírito dos espíritos, deus dos deuses,
ó senhor dos espíritos, senhor de espíritos,
ó imóvel Aeon, Iawé, ouvi minha voz.
Eu vos chamo, ó regulador dos deuses,
Zeus de alto trovão, Zeus, rei, Adonai,
Senhor, Iawé.
Eu sou aquele que vos invoca na lingua síria,
ó grande deus, Zaalaer, Iphphou.
não desprezeis meu apelo hebreu, Ablanthanalb, Abrasiloa.
Pois eu sou Silthakhookt, Lailam, Blasaloth, Iao, Ieo,
Nebouth, Sabiothar, Both, Arbathiao, Iaoth, Sabaoth, Patoure,
Zagoure, Baroukh Adonai, Eloai, Iabraam, Barbarauo, Nau, Siph.

Tal encantamento é interessante e bastante eficaz por misturar palavras hebraicas, gregas, siríacas e outras.

As virtudes destas fórmulas, segundo afirma Idries Shah, é obrigar os espíritos a ouvir as instruções do feiticeiro ou mago e a realizar seus desejos. Outras possibilidades são de que elas acorrentam, cegam, trazem sonhos, criam favores, desde utilizadas da forma correta. Podem ser usadas comumente para o que se quiser, por culpa, graça ou risco do invocante.

Outro processo mágico empregado diz que o exorcista invocante deve estar dentro do círculo, consagrá-lo dedicando todo o experimento com o discurso adequado, e então chamar o deus-espírito (devas) que ele quer que apareça. Quando estiver seguro de que está bem concentrado e de que nenhum outro pensamento está em sua mente, deve dirigir-se ao espírito em voz baixa. Primeiro deve chamar seu nome três vezes e prometer que nenhum mal cairá sobre ele. É garantida a eficácia do sortilégio.

“Espere por ele pelo espaço de um minuto completo e, se o espírito não aparecer, repita a invocação. Ore fervorosamente durante o período de espera. Se o espírito não se materializar no espaço de cinco minutos, podem ser feitas fortes invocações.”

“Se o espírito aparecer, saúde-o cortesmente dizendo-lhe quão contente está em lhe dar as boas-vindas e peça-lhe para ajudá-lo em seus problemas.”

“O espírito dirá então ao operador as melhores horas para contatá-lo e poderá dar o “nome-pensamento” que é usado para invocá-lo. Alguns autores dizem que se deve pedir que ele mostre seu nome num livro de espíritos e que dê também o seu signo.”

“Se por algum azar você invocar um mau espírito a palavra ‘Bast’ fará com que ele desapareça. Essa é uma palavra de antiga origem egípcia e fará com que ele vá sem causar nenhum dano.”

“Diz-se que é importante pedir que o espírito se torne seu anjo da guarda....e não deixar o círculo por dois minutos completos depois da partida do espírito. Depois diga uma prece de agradecimento por ele ter vindo e partido e prometido ajudá-lo exatamente como você tinha desejado preparando a sua visita. Destrua o círculo e as figuras para que nenhum demônio ou qualquer outro ente seu familiar não possa usá-los contra você, coisa que eles podem facilmente fazer. Se o círculo não for destruído e um espírito elemental o utilizar, o primeiro usuário nunca mais conseguirá baixar bons espíritos.”

“Os egípcios dinásticos, os babilônios e assírios acreditavam que a alma podia retornar à Terra. Sob certas circunstâncias ela podia também re-habitar o corpo. Elaboradas cerimônias mágicas eram praticadas para que a alma fosse feliz e não precisasse voltar, tornando-se assim um espírito inquieto. Esses espíritos entretanto muitas vezes eram invocados e considerava-se que podiam ser usados em rituais mágicos.”

“De maneira semelhante, os espíritos de curandeiros reverenciados e falecidos eram conjurados para aconselhar suas tribos em tempos de privação em muitas partes da África, especialmente a parte central do, continente. Seus ossos são preservados e embebidos no sangue de recém falecidos, misturados com mel, leite e perfumes. Supõe-se que isto faz com que a alma retorne à Terra. Assim como as cerimônias dos espíritos eram realizadas no Egito nos sepulcros das pirâmides, outros lugares, cemitérios, pátios de igrejas ou local onde a morte teve forma violenta, são sítios especialmente bem vistos para este tipo de exorcismo”- relata Idries Shah sobre os rituais de invocação de espíritos mais antigos conhecidos.

Do ponto de vista racionalista tudo isto parece simples superstição, indicativa de uma atitude idólatra ou até mesmo materialista na forma de encarar a questão espiritual, mas se estamos certos na interpretação dos antigos textos existentes, que sobreviveram às catástrofes dos tempos, esta crença esconde um sofisticadíssimo sistema de integração psíquica e cósmica. Ao que parece os espíritos, ou entes são realmente fatores elementais que compõem a personalidade do mago. Existe uma verdadeira legião de tais fatores, mas seus exemplos mais evidentes são a sexualidade, a ganância ou fome de poder, a culpa, a rivalidade entre irmãos, o instinto de sobrevivência. A invocação destes espíritos dentro do triângulo imagina uma exteriorização destes fatores, permitindo ao mago sua análise, e compreensão. Ao dominar tais fatores, de ordem psico-espiritual, o mago se converterá em uma personalidade plenamente integrada, ou como queria Carl Jung, individuada, capaz para experimentar uma mais completa evolução psíquica. Por outro lado, se tentar negar sua natureza interna, não se atrever a encarar tais fatores interiores seus, será “despedaçado” pelos espíritos que ele imprudentemente invocou para que tivessem natureza visível.

 Dentro deste contexto, parece evidente a necessidade de purificação preliminar do mago: se estivesse já integrado como pessoa completamente consagrada, um “vaso do senhor”, e não fosse presa da dualidade, não necessitaria da proteção do círculo mágico. No único grimório, isto é, no único texto mágico medieval que prescinde do uso do círculo, “A Magia Sagrada de AbraMelin, o Mago,” o trabalho preliminar de autoconsagração dura vários meses.

Esta obra esotérica explica sua doutrina, e suas técnicas a ela associadas com bastante claridade e consistência, e não poderia deixar de tentar explicar os mistérios, melhor que outros grimórios. Segundo o texto a Máquina Celeste, o funcionamento do cosmos está controlado por demônios que atuam sob a direção de anjos; o homem ocupa uma posição intermediária entre o angélico e o demoníaco, e cada ser humano tem designado à sua alma um demônio malévolo e um anjo da guarda. O processo explicado no grimório medieval objetiva conseguir o “conhecimento e a conversação” com este anjo guardião e assim que consiga, o mago consagrado poderá “controlar os demônios que manejam o universo, ressuscitar os mortos, curar os doentes, encontrar tesouros ocultos ou então voar”.

Devemos interpretar estes poderes de forma subjetiva, relacionado ao nosso espaço inconsciente, os magos modernos, que estudaram o sistema de “A Magia Sagrada...,” em especial S. L. MacGregor Mathers, Aleister Crowley e Dion Fortune, em suas obras afirmam que o “Santo Anjo da Guarda” não deve ser interpretado como um ente autônomo, com personalidade própria, mas como a estrutura mais profunda do subconsciente, o ego definitivo (self), o mais autêntico “eu”, que conforme os atuais ocultistas definem, participa através do mistério da Criação da infinita Natureza Divina.

A prática do devoto, segundo “A Magia Sagrada...”, na busca do seu anjo guardião pelo método de AbraMelim se parece com as práticas orientais, o praticante deve buscar santuário, e como um iogue ou dervixe, deve-se retirar do mundo durante seis meses pelo menos. O devoto deverá inflamar-se de orações, repetir os mantras sagrados, invocar os anjos, queimar o “incenso de AbraMelim” e dedicar pelo menos duas horas ao dia à leitura de “livros santos.”                   

Na antiguidade Plutarco utilizando os conhecimentos esotéricos dos mais antigos teólogos e filósofos como Platão, Pitágoras, Xenócrates e Crisipo, definiam como Gênios, os seres dotados de natureza mais vigorosa que a dos homens. Seu considerável poder os situa além de nossa condição. O princípio divino deles não está puro ou sem mescla, porém participam ao mesmo tempo da natureza espiritual da alma e das faculdades sensitivas do corpo. Estão sujeitos aos prazeres e às dores, e de todos os afetos resultantes destas diversas modificações, que produzem mais ou menos moléstias, naqueles entre eles que delas padecem. Segundo o historiador o vício e a virtude estabelecem diferenças entre os Gênios, da mesma forma que estabelecem entre os homens. Inferiores aos deuses, superiores aos homens, os gênios são, do mesmo modo que o homem, mais ou menos virtuosos, segundo dominem suas paixões ou sejam dominados por elas. Portanto há gênios bons ou maus.. Daqui seu papel e destino. Pois bem, a eudaimonia, ( de daimon = gênio ) quer dizer, a arte de fazer com que a alma  consiga chegar a ser um gênio bom, era a felicidade que esperava o iniciado, o sábio. No instante de sua morte, diz Platão, o homem verdadeiramente bom é chamado a um glorioso destino: converte-se em gênio. Os ritos funerários egípcios parece que concorreriam também a este fim, contribuindo logo a conservar-nos o favor daqueles que passaram ao estado de gênio.  

Para compreender bem o que Plutarco quer dizer-nos sobre este ponto, será bom, antes de tudo, recordar qual foi a definição de Deus que Cícero atribuiu a Pitágoras. Cícero escreveu: “Pitágoras diz que Deus é uma alma distribuída entre todos os seres da natureza, de cuja alma se originaram todas as humanas.” Esta divisão da alma universal  era simbolizada entre os gregos pelo mito de Zagreus e entre os egípcios pelo de Osíris. Porém Jâmblico diz, “que os seres dotados de razão, quer dizer, aqueles em que residia uma chispa do fogo divino, formavam as seguintes hierarquias: deuses, homens e aqueles que se pareciam a Pitágoras.” Pois bem, Pitágoras era considerado e chamado gênio. Os gênios eram, pois, não somente intermediários entre os deuses e os homens, senão também homens algumas das vezes. Com efeito, segundo Plutarco, o homem estava composto de três partes constitutivas: o corpo, ou soma, a alma, ou psyché, e a inteligência, ou nuos, que é a parte mais divina de nosso ser ( Na cabala hebraica respectivamente: Nephesh, Ruach e Neshamah ). Quando o homem morria, o corpo residia na terra; a alma, se houvesse levado uma vida de pureza, podia elevar-se à regiões superiores, morando nelas, porém, enquanto não houvesse desterrado dela tudo quanto a atraía para a terra, estava exposta a recair na geração. Assim as almas dos homens de tempos passados se chamavam gênios ou heróis, que continuavam sendo gênios ainda no caso em que voltassem a morar na terra, novamente,  e então animavam um daqueles seres excepcionais que vivem em contato direto com a divindade. Enquanto às almas completamente purificadas, ficavam fora do ciclo dos nascimentos. Deste modo, quando o homem lograva libertar-se, pela virtude, de tudo quanto é perecível nele, elevava-se à hierarquia de gênio. Sua psyché acompanhava-o sempre; porém também podia, despojando-se e purificando-se cada vez mais do perecível, chegar a uma segunda morte, libertar-se de sua psyché, desfazendo-se definitivamente de seu nuos convertendo-se em deus, porque entre os gênios, do mesmo modo que entre os homens. o vício e a virtude fazem diferença. Para Hesíodo, os gênios são as almas dos homens virtuosos que se apagaram ou morreram na idade de ouro. Pela vida que levaram neste mundo mereceram a felicidade e a imortalidade. Espalhados por toda as partes do mundo, são os bons guardiões dos homens e dispensadores das riquezas. Esta doutrina, esboçada por Hesíodo e desenvolvida por Platão, doutrina da transformação dos homens virtuosos em gênios e de gênios em deuses, acha-se exposta em muitos parágrafos dos “Livros  Herméticos.”

Por toda parte temos referências sobre tais mitemas, deuses locais, hierarquias de deuses, gênios, jinns e anjos maiores, todos atuando como intermediários entre o Deus maior e Suas criaturas. Na literatura hindu são chamados, geralmente, devas – palavra em sanscrito que usaremos a fim de evitar as limitadas conotações da palavra cristã “anjo”, tal como concebida ( ou esquecida ) pela maioria das Igrejas. Tais agentes, ou devas, são naturalmente aceitos e conhecidos pelas pessoas mais sensíveis psiquicamente, que os reconhecem como algo mais do que simples projeções  de sua própria mente, ou das mentes alheias, e os vêem como “entia per se”: entes que fazem parte da natureza divina, existem de seu próprio direito, salvo o fato de não disporem de corpos físicos densos. Não somos como querem alguns “psicologistas”, corpos dotados de espíritos, mas sim espíritos que habitam o corpo.

 Nestas invocações o mago deve estar limpo e purificado, pode ser borrifado o círculo com perfumes adequados. O invocante que desejar poder ou qualquer coisa material não conseguirá atrair os Devas espirituais, de elevação. Para evitar-se invocar um Deva maligno, o coração e a mente devem ser limpos de desejos, e se a habilidade for utilizada para fins pessoais e egoístas , o poder é então renunciado. Só aqueles com a habilidade de tocar as alturas sabem disso.

Idries Shah sugere que o mago purifique-se com esta prece:

“Vós me purificareis com Hissopo, ó senhor, e serei limpo:
vós me lavareis e serei mais branco que a neve.”

“O círculo será então borrifado com o perfume correto e o exorcista se enrola numa capa de linho branco amarrada na frente e atrás. Enquanto se veste, diz:

“Ansor, Amacon, Amides, Theodonias, Aniton: pelos méritos dos anjos,
ó senhor, eu vestirei o paramento da salvação;
que aquilo que eu desejo eu consiga realizar,
por vosso intermédio, mais santo Adonai,
cujo reino dura para todo sempre.
Amém.”

Pode parecer a uma mente materialista, completamente fantástica a possibilidade de tais rituais e encantamentos. Sugere um retorno ao animismo dos povos primitivos. E de certa forma é esta a proposta. Mas, enquanto o selvagem se sente à mercê dos poderes invisíveis da Natureza, muitos cientistas civilizados do ocidente já vêem a Natureza como um lugar de lei e ordem, que se torna cada vez menos uma ameaça para os que compreendem aquela lei. Portanto, propomos um animismo sofisticado e deliberado, e só na superfície é semelhante ao primitivo quando pensa na própria vida como organizada e inteligente. Isto relaciona-se diretamente nesta obra por que no objetivo de divulgar os segredo da Alta Magia, no objetivo de expor os caminhos naturais, a hierarquia Deva ( = Daimon ) de inspiração oriental permite explicar importante papel de atuação no plano astral e da Natureza do nosso planeta. Diz Plutarco em sua obra: “A penosa ignorância que cega o ateu, é uma grande desgraça para sua alma, na qual se apaga o mais brilhante e potente de seus olhos: a idéia de Deus.”

Em termos naturais, essas entidades que habitam o plano sutil e auxiliam na manutenção e formação do plano físico pertencem a ordens cujo habitat normal no mundo psíquico está nos confins do denso físico, na região que denominamos vital etérica. Na natureza, vegetal ou animal, sem interferência humana, sua atuação é automática e se manifesta no instinto e na vida vegetativa dos seres, embora seja apenas um dos aspectos superficiais da atividade dévica. Sua faceta mais profunda mostra-se a nível celular, na vitalidade da matéria, e para além disso no campo complexo das partículas atômicas e da física quântica. No homem, contudo, temos o elemento adicional e complexo da mente humana e de seu conteúdo consciente como observador dos fenômenos e seu relativo livre arbítrio. Segundo a tradição oculta, tais elementos propiciam ao homem um certo poder de se impor, para melhor ou pior sobre o padrão dévico natural e instintivo.

Segundo esta hierarquia, chamada dévica, sugerimos uma divisão principal entre Arupa, devas sem forma, cuja região é espiritual, e Rupa, ou devas com forma, uma ordem mais baixa, que vivem e trabalham no plano pessoal ou material. Abaixo dos Rupa devas existem outros entes inferiores em relação a eles, com forma permanente, elementais, que são o reflexo induzido pelas energias superiores para execução de suas atividades criadoras. Dentro do contexto do homem, existem constante interação entre todas as hierarquias, que pode ser cooperadora ou conflitante. As duas ordens de entes, o humano e o dévico são aparentemente complementares no esquema  vital e podem ser entendidas como duas dimensões ou freqüências da vida correndo em ângulos retos em relação uma a outra. Mais correto dizer que o homem e o deva representam duas dimensões de um universo tridimensional, de forma que cada plano tem duas dimensões próprias e uma dimensão em comum com o outro.

É um princípio da tradição oculta que quando falamos no nível espiritual humano, na mônada, ou na submonada (ego), fala-se ao mesmo tempo, no mundo dos Arupa devas, em particular, dos chamados Asuras ou Luciferianos  como em “A Doutrina Secreta “ de H. P. Blavatsky. O aspecto dévico conectado com a mônada é o que se chama Luciferiano, indicando que pertence ao plano da Vontade, ou Atma. Há também um Rupa Deva encarregado das reais operações de construção no plano material. É um agente do deva átmico, Luciferiano, o operário subordinado ao arquiteto. Poucos foram os que compreenderam que, enquanto nos níveis ou formas Rupa o Deva e o homem são complementares, nos níveis Arupa ou espiritual não são complementares, mas realmente Um.               

Podemos comparar tal princípio, no plano cósmico, à luz panteística da Cabala, ao fenômeno elétrico conhecido como indução, onde temos um campo magnético no enrolamento primário de um transformador que induz uma corrente elétrica no enrolamento secundário, ambos isolados e sem nenhum contato físico, mas sim pela indução do campo magnético gerador da referida corrente entre sí. Sendo a energia gerada comum as duas partes, apesar da distância física e dos isolamentos existentes. Partículas de energia, matéria sutil, da mesma forma viajam milhares de quilômetros através do espaço, como ondas carregadas de informação, sobre como deve se comportar e evoluir a matéria densa do planeta, influindo diretamente de forma ordenada, não só no comportamento da matéria inanimada da Terra, mas também na evolução dos seres vivos, como se sabe. Informação que gera vida, congrega a matéria, faz evoluir os átomos, de simples matéria densa, para o bios, e para a formação de seres ou entes pensantes, que buscam decifrar seus significados, similar a uma grande rede elétrica carregada de informação voltada a evolução da matéria bruta. Assim devem operar os Devas no plano “celeste”.

IDÉIAS VAMPIRO

Tudo na Criação tende a se personificar, isto é, busca se revestir da forma de uma entidade pessoal análoga ao nosso “Eu”, nada mais que uma aplicação particular deste mesmo princípio mental.

Toda idéia, ou todo um grupo de idéias tende a se personificar e assim sucederá se nós lhe oferecemos guarida. Esta entidade, oriunda de nossa mente, que não passava na origem senão de uma modulação de nossa Consciência, não se limitará em se emancipar escapando ao nosso controle; logo se tornará tirânica. Permitindo sua expansão ficaremos seus escravos. Trabalharemos para ela, viveremos para ela, daremos nosso sangue e carne para alimentá-la.

As Idéias Vampiro nem sempre são de natureza passional; a mais neutra idéia emocionalmente pode tornar-se Idéia Vampiro se encontra campo favorável em nossa mente, pois só através de nós tem ou não livre progresso. Muitas vezes, nestes casos, se desenvolverá simplesmente como uma inocente mania.

No plano existencial, se tratando de amor, ambição ou dinheiro, do ponto de vista passional, a Idéia Vampiro começa como simples e inocente devaneio. Contudo, os devaneios se expandem, multiplicam-se pouco a pouco, eliminando do espírito (psiché) tudo que não se relacione diretamente com eles. A expansão ocorre em três fases, nem sempre distintas pela mente: a fase da invasão, a fase da obsessão, e a fase da possessão. O termo possessão, é o mesmo que as religiões atribuem a esta palavra, porque percebemos como se um demônio se instalasse para comandar nossas atitudes e pensamentos.

O vício pelo jogo, que inicialmente não repousa sobre nenhum atrativo sensorial, sempre inicia desta maneira. No início ficamos presa de sonhos de fortuna e reconhecimento pessoal, que sabemos ilusórios, vantagens que poriam fim a todas as nossas dificuldades materiais, a todos os nossos desgostos e amarguras da nossa existência. Estes pensamentos eventualmente parecem se concretizar, o que muitas vezes ocorre de forma aleatória, como, por exemplo, ganhar no bingo, ou qualquer outro sorteio. Tal eventualidade reforça a falsa idéia de vitória, e apesar do risco conhecido, surge na mente como certeza e então leva o apostador à ação. Neste estágio o caminho irreversível se apresenta em direção à escravidão da mente do apostador.

Os exemplos que podem ser mencionados são muitos no mundo atual, onde pessoas e grupos financeiros poderosos estudam cientificamente estratégias cada vez mais ousadas para ocupar nossos centros sensoriais com o objetivo de criar nossa dependência física e mental.

A Idéia Vampiro, transcende a área sensorial da mente onde se instala. Seu poder de expansão quando encontra terreno fértil, nas circunstancias e tempo favoráveis, pode gerar conseqüências históricas conhecidas de morte e destruição como temos conhecimento na atualidade.

Exemplo sempre lembrado, na Segunda Grande Guerra do séc. XX, os devaneios solitários de um grupo de fanáticos e seu líder megalômano cresceram como um câncer de destruição que atingiu toda a Europa e boa parte do resto do mundo.

Como um câncer físico, a Idéia Vampiro empreende de forma insidiosa seu caminho de crescimento na mente de alguns. Assim que constatamos a freqüência anormal de “sonhos acordados” sobre um mesmo assunto, aos quais ficamos à mercê, complacentes, sua extirpação deve ser imediata, através da meditação e da reflexão profunda, utilizando uma verdadeira foice tântrica e cortar ao vivo, ainda que tenhamos um grande sofrimento por causa disso.

É importante ressaltar que a Idéia Vampiro só pode ser canalizada através de nossas mentes, não possuindo vida autônoma, aliás como a maioria das possessões e obsessões. Somos nós, os entes humanos, que canalizamos estas energias, atribuindo uma vontade que está ligada aos aspectos interiores de nossa consciência. É mais uma manifestação de Maya, a ilusória percepção que temos de nossa existência.               

A TRINDADE PASSADO, PRESENTE E FUTURO

O Mago exerce sua magia, isto é, sua vontade inconsciente no plano consciente, influindo no Destino. A vontade humana, associada com a Providência divina no plano consciente, pode realizar o equilíbrio do Destino e chegar a neutralizá-lo. O acordo da Vontade e da Providência divina constitui o bem na sua forma natural, enquanto o mal nasce da oposição destas energias. Assim o Mago aperfeiçoa-se ( aprimora-se ) ou se deprava conforme tende a confundir-se com a Unidade Universal ou tenta distinguir-se dela.

Entre os pitagóricos, o equilibrio entre a Vontade ( Mago ) e a Providência ( O Um ) de um lado e o Destino do outro, era simbolizado geometricamente pelo triângulo retângulo, cujos lados são proporcionais aos números 3,4 e 5, forma geométrica de fundamental importância para os antigos.

Se a Providência for representada por 3, a Vontade do Mago por 4 e o Destino por 5 teremos: 3­ + 4­ = 5­, representação numérica elevada ao quadrado que indica uma relação com o Domínio das Forças Universais, isto é, justamente ao domínio anímico, aquele que corresponde ao homem ( Mago ) no Macrocosmo e no centro do qual, como termo médio, se situa a Vontade no Microcosmo, ponto onde converge ou diverge a força cósmica.

De resto, mesmo no que se refere simplesmente ao ser humano comum, é evidente que é só no presente que ele pode exercer sua ação, pelo menos de modo direto e imediato, como eixo ( ponto ) mediano na relação temporal/espacial.

Este triângulo é também encontrado no simbolismo maçônico, clara alusão ao esquadro do Venerável, derivado diretamente do pitagorismo por uma cadeia ininterrupta, através dos tempos,, dos “Collegia Fabrorum” romanos e dos construtores da Idade Média, cujo exemplo aludido, presente na Estrela Flamejante, idêntica ao Pentalpha que servia de meio de reconhecimento entre os pitagóricos.

Assim, com efeito, os estados de manifestação inferiores e superiores em relação ao estado humano, que são representados, segundo o simbolismo espacial, como existentes, respectivamente, abaixo e acima dele, são descritos, por outro lado, segundo o simbolismo temporal, como se constituíssem  ciclos, respectivamente anteriores e posteriores ao ciclo atual. O conjunto destes estados forma assim dois domínios cuja ação, enquanto se faz sentir no estado humano, aí se exprime por influências que se pode dizer “terrestres” de um lado, e “celestes”, de outro, no sentido referido dos dois termos, e surge nele como a manifestação respectiva do Destino e da Providência. É conforme a tradição hindu, ao atribuir um desses domínios aos Asuras e o outro aos Devas.

Desta maneira, a potência da Vontade, se exerce sobre as coisas a fazer ou sobre o futuro; a necessidade do Destino, sobre as coisas feitas ou sobre o passado. A liberdade reina sobre o futuro, a necessidade no passado, e a Providência no presente. Isto equivale a fazer da Providência o termo mediano e, atribuindo a “liberdade” como característica própria da Vontade, e apresentar esta como o oposto do Destino.

O Destino, não dá o princípio de nada, mas se apodera dele logo que é dado, para dominar-lhe as conseqüências. É pela necessidade só dessas conseqüências que ele influi no futuro e se faz sentir no presente, pois tudo que ele possui de seu está no passado. Portanto podemos entender como Destino essa potência segundo a qual concebemos como as coisas são feitas que elas assim acontecem e não de outro modo, e que, assim colocadas uma vez segundo sua natureza, elas tem resultados forçados que se desenvolvem sucessiva e necessariamente de uma determinada forma.

A Vontade do homem, desdobrando sua atividade, modifica as coisas existentes, portanto presentes, cria novas, que se tornam propriedade do Destino, e prepara para o futuro mutações no que estava feito e conseqüências necessárias no que acaba de ser feito.

Quanto à Providência, é, segundo a Tradição, como noção corrente, de acordo com a expressão do Alcorão, “Deus tem a chave das coisas ocultas”, portanto das coisas que em nosso plano ainda não foram manifestadas.

De onde resulta que a Vontade agirá tanto mais eficazmente em vista do futuro, quanto mais estreitamente unida à Providência estiver no presente.                  

PROTEÇÕES

Na vida cotidiana somos influenciados, mental e emocionalmente, por inúmeros fatores. Absorvemos e interiorizamos estas influências enquanto a maioria das pessoas sequer percebem sua existência conscientemente. Influências sutis nos são impingidas diariamente através de todo o meio. Nosso meio social, os meios de comunicação, os apelos comerciais, as religiões doutrinárias e dogmáticas todos são expressão da vontade de uns poucos e seus integrantes formadores de opinião utilizam técnicas subliminares para obter bons resultados de motivação do indivíduo. .

Quando somos influenciados por outra pessoa ( ou por um grupo de pessoas ) estamos reagindo a sugestão de forma subconsciente. Quantos dão uma de maria-vai-com-as-outras, acompanhando o pessoal em mais uma cerveja no bar, “a saideira”, quando realmente desejava estar em casa?

Devemos manter nossa mente alerta contra a dispersão causada pelas más influências, verdadeiros sorvedouros da nossa energia psíquica. O principal instrumento de trabalho do mago é ele próprio, isto é, o desenvolvimento pessoal de suas capacidades naturais. Muitas são as técnicas para desenvolver proteções exteriores, para “Fechar a Aura” do mago contra influências negativas, mas sua perseverança é primordial para alcançar bons resultados.

Dois são os tipos de proteção contra energias negativas:

1)    Passiva – Considerada a mais importante, refere-se as proteções da nossa vida diária.

2)    Ativa - Neutralização de energias enviadas contra nós de forma consciente por outra pessoa.
Elixires e plantas para proteção da aura
 
Desde a mais remota antigüidade encontramos referências sobre o uso medicinal e religioso das plantas pelos homens. Eles utilizavam suas propriedades medicinais de várias maneiras, em infusão como chá, defumação, incenso, banhos de limpeza, em terapias para cura de doenças diversas. Encontramos referências em antigos livros clássicos sobre as propriedades das plantas e seu uso, ao que os antigos atribuíam poderes sobrenaturais proveniente dos deuses na cura de patologias físicas ou mentais,  os estudiosos da época intuiam possuir os vegetais e resinas o dom de aproximá-los das divindades. Assim a queima de incenso aos deuses tinha como objetivo agradar suas divindades e assim conseguir maior harmonia entre o homem e a natureza. Transcrevemos abaixo texto encontrado na obra “Esoterismo” de Pierre  A Riffard, fragmento da “História Natural” de Plínio o Velho, datado do séc. I :

“Homero, o antepassado das doutrinas e das tradições antigas, embora tivesse demonstrado em várias passagens grande admiração por Circe, deu o prêmio para as ervas ao Egito quando este não era ainda o Egito irrigado, antes dele ser criado pelos aluviões do rio. De qualquer maneira, ele relata que as ervas do Egito foram enviadas em grande número à sua Helena pela mulher do rei, em particular a célebre népenthès, que trazia o esquecimento das tristezas e o perdão, e que Helena teria seguramente dado para beber a todos os mortais. Mas o primeiro de todos, cuja lembrança se conserva, é Orfeu, que escreveu bastante sobre plantas, sempre com muito cuidado. Depois dele, Museu e Hesíodo, como dissemos, admiraram bastante o polium. Orfeu e Hesíodo recomendavam as fumigações”... “Depois dele, Pitágoras, filósofo célebre, foi o primeiro a compor uma obra sobre as propriedades das plantas, atribuindo a descoberta e a origem a Apolo, a Esculápio e em geral aos deuses imortais; Demócrito compôs algo semelhante. Ambos haviam visitado os Magos da Pérsia, da Arábia, da Etiópia e do Egito, e os Antigos ficaram tão maravilhados com suas narrativas que afirmaram coisas inacreditáveis.” ( Livro XXV )
             
Nos Mistérios de Eleusis se tomava o chá da papoula, planta que nascia entre as ramas do trigo, cujo princípio ativo é propiciatório ao transe, em Delfos, o oráculo comia folhas de louro que diziam tinha propriedades alucinógenas, a cannabis sativa era e é utilizada nos cultos africanos possibilitando ao Xamã contato com as entidades, os Orixás. No Novo Mundo, quando desembarcaram de suas naus os supersticiosos europeus encontraram uma infinidade de novas ervas que eram manipuladas pelos pagés para alcançar o contato com seus deuses. O tabaco, a mescalina, o paricá, o cipó, a coca eram utilizadas em cerimonias religiosas onde se pretendia o contato com as forças espirituais da natureza. O quinino “ïn natura” era utilizado pelos Incas contra a malária e outras febres da selva, bem antes da chegada dos espanhóis. Sómente a superstição dos primeiros colonizadores, seu fundamentalismo religoso, nos privaram de possuirmos maiores conhecimentos sobre as plantas, que atualmente são destruídas pelos tratores e motoserras da ignorância, vários campos de futebol por ano.

Os Alquimistas europeus conheciam muitas das suas propriedades, pois como letrados tinham acesso às obras herméticas dos antigos pergaminhos. Faziam uso da Belladona, a Dama da Noite, quando pretendiam alterar sua percepção e entrar em transe místico, e como sempre, alguns passavam todo o tempo intoxicados com a planta, que proporciona visões no estado de exaltação mística profunda. Assim podiam contemplar os meandros do Inferno ou a beatitude luminosa do Paraíso. Muitos oráculos, para nós incompreensíveis, foram revelados pelos médiuns através do efeito de plantas alucinógenas. As plantas sempre foram uma fonte inesgotável de magia. Muito ainda temos que estudá-las para conhecer melhor suas propriedades. Não devemos entretanto abusar de suas propriedades, ou de seu uso, pois em vez de alcançarmos solução aos nossos problemas de saúde, podemos estar prejudicando de forma irreversível nosso organismo. Tudo deve ser elaborado e ministrado com absoluto equilíbrio e acompanhamento através de um terapeuta capacitado para tal. Só um verdadeiro mestre, de elevado nível de conhecimento e sabedoria espiritual pode nos levar a conhecer os efeitos das plantas sobre nossa saúde física e mental.

A Aromaterapia era largamente utilizada nos principais templos da Ásia, Grécia e do Antigo Egito, onde eram realizadas curas pelos sacerdotes de vários tipos de doenças. A subida da fumaça simbolizava a ascensão ao Céu As defumações e os incensos a base de ervas, além da vocação votiva aos seus deuses, junto com a música templar utilizadas nas terapias  medicinais, atenuavam os sintomas das moléstias, remediavam, ou até mesmo curavam os devotos. Sabe-se hoje, através de pesquisas científicas, que o organismo em repouso absoluto, estimulado de forma positiva pode fazer milagres no processo de auto-cura, energia ainda mais intensificada pela fé. Não podemos esquecer que em sua bagagem os três reis Magos levavam incenso de presente para Jesus.

Além do simbolismo clássico, as intenções dos homens em passar do plano material para o espiritual, é preciso considerar o estímulo para nossa percepção, através do olfato, um dos sentidos mais utilizados, modificando sensações e nossa referência ao meio. Um novo aroma nos traz uma emoção diferente. É uma comunicação subjetiva, não verbal, que nos fala muitas coisas através dos odores, nos fazem recordar, pensar em alguém ou alguma coisa, podem estimular nossas energias, ou acalmar nosso espírito. Não terá seu efeito reduzido ao simples condicionamento da mente, pois os aromas atuam diretamente sobre a harmonia das três esferas do corpo humano: mental, físico e emocional. Assim este processo de mudança interior positiva, isto é, a cura pode ser apressada, através de banhos relaxantes, massagens, compressas e cremes, como também pela aromatização de ambientes, pois somos aquilo que respiramos.

Estes conhecimentos terapêuticos que eram transmitidos oralmente só aos sacerdotes iniciados, muitos se perderam através dos tempos ou nas fogueiras das inquisições, outros conhecimentos permaneceram na sabedoria e tradição popular até nossos dias.. 

Relacionamos a seguir algumas das principais ervas e madeiras que podem ser utilizadas como incenso, infusão ou chá visando proporcionar proteção ao seu portador, como defumação ou banho para afastar energias aziagas conforme a tradição popular. Elaboramos esta relação levando em conta a facilidade destes vegetais serem encontrados nos mercados e nas principais casas do ramo fitoterápico do país, de fácil aquisição, plantio e manejo pelo mago.

Alecrim ( Rosamarinus officinalis, L . )  – Pequeno arbusto, toda a planta desprende um odor que se assemelha ao do incenso. As propriedades do Alecrim são conhecidas desde a mais remota antiguidade. Hipócrates já a recomendava assim como Dioscóride e os médicos árabes. Os gregos a denominavam “flor por excelencia”, e dela utilizavam para confeccionar suas guirlandas, com as quais cobriam a cabeça nas festividades. Em alguns lugares costuma-se misturar  o alecrim com galhos de buxo na cerimonia do benzimento das palmas no Domingo de Ramos. Em Roma simbolizava junto com o cipreste, no culto dos mortos. É uma planta cercada de lendas desde tempos imemoriais, sobre seu perfume e propriedades mágicas. O verdor de suas hastes com muitas folhas simbolizava para os Antigos, imortalidade. Seu auge foi na Idade Média e Renascença. O alcoolato de alecrim tornou-se famoso como “água da rainha da Hungria” e fez furor na corte de Luís XIV. Era o medicamento preferido dos nobres franceses. O remédio teria sido inventado pela rainha Elizabeth da Hungria no séc. XIV. Era atribuído poder de curar a gota e a paralisia ao remédio.  No norte da França dizem que existe a tradição de colocar entre as mãos do defunto, um ramo de alecrim, e depois plantá-lo sobre seu túmulo. O alecrim também foi considerado como ícone de fecundidade. Na aromaterapia serve para proteção e purificação do ambiente. Misturada com hortelã, erva doce, salsa, sálvia em partes iguais e usada na defumação tranqüiliza e auxilia na meditação, traz força e coragem. Seu aroma, queimado na forma de incenso, ou borrifado ao ambiente traz alegria, bom humor, inspiração, amor e sorte. Seu uso alivia a dor de cabeça e a enxaqueca.

Uso Medicinal:
É estimulante, vulnerário e também condimento. Sua essência é utilizada na fabricação de cosméticos e de perfumes. O alecrim possui propriedades antipssépticas, aromáticas, e narcóticas. Colagogo, estomáquico, emenagogo, antiespasmódico, suas flores e suas folhas são úteis no tratamento da asma, da coqueluche, da fraqueza, e da gripe.

A maceração das suas folhas misturadas com com as raízes de urtiga e de bardana, com álcool, aplicada em fricções capilares, fazem crescer novamente os cabelos. O pó das folhas do alecrim é empregado na Algéria para cobrir  feridas, e utilizada como cicatrizaste nas circuncisões. Sua essência pode afastar as traças.

Para uso interno, emprega-se uma infusão de 5 a 15g por litro de água. Em maceração no vinho, de 30 a 60g por litro, recomenda-se a dose de 2 a 3 taças de champanhe por dia. Para uso externo, mistura-se na infusão 50 a 60g por litro de água fervente, em banhos, no caso do reumatismo particular, sendo utilizada também em banhos estimulantes e aromáticos, para adultos e banhos fortificantes para as crianças. Serve o alecrim como água de toucador, quando preparada. Pode ser preparado excelente anticoagulante para uso externo, contra as contusões e batidas fazendo-se a infusão a frio, durante quinze dias, num litro de álcool, de 10g de brotos de alecrim, orégano, tomilho, melissa e sálvia cortadas miúdas. Este preparado, misturado em meio copo de água fresca, é ministado nos casos de desmaio, síncopes e desfalecimentos.      

Alfazema ( Lavandula spica, L.) – A alfazema ou lavandula  é uma planta aromática, que cresce principalmente nas regiões quentes. A alfazema existe em estado silvestre, mas cultivada pelo homem, e aperfeiçoada suas propriedades aromáticas,  a variedade híbrida, contém  mais essência que a selvagem. Pela destilação dela  obtém-se uma essência de aroma suave que na antiga medicina era empregada como tônico do sistema nervoso e antiespasmódico. Em dose terapêutica pode ser ministrado como narcótico, diminuindo a sensibilidade e o potencial de excitação motora; porém torna-se excitante se ingerido em doses tóxicas. Na aromaterapia, seu uso aumenta a determinação, a força interior. Acalma os sentidos tornando-os porém, mais aguçados. Atua no plano astral, eliminando os maus fluídos e energias negativas do ambiente. Curativo, regenerador, traz tranqüilidade e equilíbrio.

Uso medicinal:
Suas propriedades foram pesquisadas e confirmadas pela medicina moderna. Seu principal emprego é como calmante, fortificante dos nervos e seu pó tem propriedades anticongestionantes. Sua essência é igualmente útil como parasiticida. Esfregada no couro cabeludo, deixando-a durante uma noite sem lavar, livra a cabeça de moradores indesejáveis. Sua infusão é dotada de virtudes diuréticas. Empregam-se as flores para preparar infusões, na dose de 2 a 4g por litro de água. Recomenda-se sua utilização em todas as moléstias acompanhadas de torpor, nas apoplexias, paralisia, asfixia, catarros, reumatismo e epilepsia. Em moléstias infecciosas emprega-se a conhecida infusão das “cinco flores”, que contém 10g de flores de alfazema e 5g de cada uma das flores das seguintes plantas: maravilha-bastarda, bourrache, gisteiro ou giesta, amor-perfeito, usando-se uma colherada de sopa da mistura numa xícara de água fervente. Deixar descansar em infusão durante quinze minutos e tomar 3 a 4 xícaras por dia.

A alfazema ocorre na natureza em qualquer parte, e em grande quantidade, sendo fácil encontrá-la quando se manifesta alguma das enfermidades mencionadas. Embora não seja fácil conseguir curas completas, ela pode trazer notável alívio em benefício do doente.      

Alho ( Allium sativum ) – Era uma oferenda aos deuses no Antigo Egito. Elimina o mau olhado. Como incenso, secado e moído, serve para afastar entidades negativas e sentimentos depressivos. A casca de alho queimada na chama do fogão atua contra a obsessão e atrai dinheiro. Uma autodefumação uma vez por semana durante o primeiro mês da separação de um casal diminui o sentimento de perda. O alho misturado com açúcar mascavo e benjoim em partes iguais pode ser utilizado como incenso para “limpar” o interior de uma casa ou estabelecimento de trabalho. Afrodisíaco, auxilia na clarividência, na capacidade de comando e no sucesso pessoal.

Uso Medicinal:
Empregado comumente na cozinha, o uso do alho como agente medicinal data de época remotíssima. Sua aceitação como remédio baseou-se, certamente, em resultados bem observados, pois sua indicação aparece na primitiva medicina grega, hindu e egípcia.

Desde a antiguidade lhe é atribuído efeito corretor sobre os gases abdominais, e sobre a flatulência estomacal, causadora, entre outros sintomas incomodativos na eliminação dos gases. Estudos modernos confirmam suas propriedades benfazejas sobre diversas moléstias gastro-intestinais.  

O alho é também e principalmente indicado nas afecções catarrais agudas e crônicas, nas bronquites, na tuberculose, na pneumonia, na asma, isto é, moléstias do aparelho respiratório. Faz com que o catarro diminua e perca seu aspecto purulento. Combate eficazmente a tosse. Provoca uma melhora geral no estado do enfermo, no caso de tuberculose. Imunoestimulador,  combinado com mel e limão na forma de chá é excelente no tratamento  dos resfriados e gripes.

Usa-se o alho como hipotensor, em caso de pressão alta. Emprega-se também no tratamento de varizes.

Amassado com azeite de oliva combate a prisão de ventre, regularizando o peristaltismo. Outrossim, estimula a secreção dos sucos gástricos e intestinais favorecendo a digestão. Combate as toxinas intestinais e expulsa os vermes, mesmo a solitária. Como vermífugo, usa-se o alho, em infusão, com leite. Toma-se três ou quatro vezes ao dia.

Emprega-se também com sucesso como: antisséptico, carminativo, depurativo do sangue, diurético, emoliente, febrífugo, sendo muito útil nas febres intermitentes, e como tônico.

É usado em casos de ácido úrico, cálculos, cólera, diabetes, difteria, enfermidades do fígado, dos rins, da bexiga, esgotamento, hidropisia, insônia, paludismo, picaduras de animais venenosos, reumatismo, sífilis, tifo, e úlceras. Médicos ingleses empregam, há anos, com sucesso, o suco do alho no tratamento de úlceras purulentas. Duas lavagens diárias com suco de alho diluído em água destilada produz uma melhora considerável já nas primeiras 48 horas de sua aplicação.

Externamente usa-se o alho contra calos, verrugas, sarna, impigem, e manchas da pele.

Para acalmar a dor de ouvido, aplica-se algodão embebido em azeite fervido com alho.

Contra-indicações:
Os que tem problemas com hipotensão arterial, devem ser parcimoniosos no uso ou ingestão do alho, pois ele baixa ainda mais a pressão sangüínea.

As lactantes devem evitar o uso liberal do alho, pois pode provocar cólicas no ventre do lactente.

Além do mau hálito proveniente de sua mastigação e do mau cheiro que logo passa ao suor, o alho ainda é inconveniente aos que sofrem de doenças da pele.

Em doses elevadas, com grandes concentrações, o alho produz dor de cabeça, dor no estômago, dor nos rins, cólicas, vômitos, diarréia e tontura.
      
Arruda ( Ruta graveolens, L.) – “Erva sagrada” da religião cristã, seu ramo sempre foi utilizado, quando carregado, contra a influência de maus espíritos. Existem numerosas variedades de arruda, todas odoríferas e medicinais. Recebe várias denominações: arruda-fedorenta, arruda-doméstica, arruda-dos-jardins, ruta-de-cheiro-forte. É um pequeno arbusto, cultivado nos jardins e quintais do mundo inteiro, pelo seu forte aroma característico. Chega atingir 1m de altura. Na aromaterapia, queimado como incenso protege contra tentações, amplifica a vontade, realiza desejos, limpa o astral. Seu aroma afasta espíritos malignos e influências negativas, servindo como auto-defesa psíquica, atrai dinheiro e sucesso. Pode ser borrifado como água benta, utilizado com aromatizante de ambiente ou em banhos de limpeza.

Uso medicinal:
O principal uso medicinal da planta é no tratamento de falta de menstruação. Tem forte  efeito emenagogo. Para este fim aplica-se na dose de 2 a 3g de arruda  para um litro de água, sob a forma de infusão. Tomar duas xícaras ao dia,  evitando-se de qualquer maneira uma superdosagem. Deve-se ao mesmo tempo banhar os pés da paciente em água quente.

Recomenda-se o chá de arruda como calmante dos nervos, sempre administrado em pequenas doses. Seu uso interno  deve ser feito com muita prudência, por se tratar de planta muito enérgica em seus efeitos.  Para afugentar lombrigas, fervem-se 20g de arruda em 1 litro de azeite de cozinha, ministrando-se duas ou três colheres de chá por dia. Mas o chá na dose de 20g para um litro de água, para uso externo, serve para matar piolhos, e também tem efeito contra lombrigas, assim como o pó das folhas secas. Clisteres da decocção das folhas, na proporção de 8 a 10g para um litro de água é auxiliar no combate aos vermes dos intestinos. Pode ser utilizada com eficácia contra a sarna, sendo preparado um chá com 20g em um litro de água. Embebe-se um pano ou algodão e passa-se sobre as superfícies afetadas. O mesmo chá é útil na assepsia de feridas, e suas folhas frescas, maceradas, aplicadas sobre as feridas antigas, são benéficas.

Contra-indicações:   
Durante a gravidez a arruda tem efeito especial sobre o útero, ocasionando hemorragia grave quando da sua ingestão, às vezes o aborto e a morte. Sua utilização como abortivo pode também acarretar a morte sem que haja parto.

Babosa ( sucotrina, Lam.) – É a “erva sagrada” do islamismo, sendo costume entre os muçulmanos pendurar folhas de babosa acima da entrada de suas casas para proteção. A babosa é uma planta medicinal, também denominada erva-babosa, aloés ou caraguatá com é conhecida no interior do país. Conhecido cicatrizante de grande poder, sua parte interna pode ser utilizada em várias afecções da pele. Seu aroma traz ganhos, renovação e resistência.

Uso medicinal:
Na medicina, utilizam-se as folhas, de onde se extrai o suco. Tem propriedades emolientes e resolutivas, quando aplicada topicamente sobre inflamações, queimaduras, eczemas, erisipelas, queda de cabelo. Sua polpa é útil contra a oftalmia (calor nos olhos ) e para cicatrizar feridas. A folha, despida de cutícula é um supositório calmante nas crises de hemorróide. É indicada quando as regras não correm ou quando o enfermo sofre de congestão no fígado e na cabeça. Segundo os especialistas o aloés pulverizado usa-se em pequenas doses (0,2 a 0,15g ) como tônico estomáquico, laxativo, anti-helmíntico, em doses elevadas ( 0,30 a 0,60g ), como purgante e emenagogo. O uso interno do suco e a decocção das folhas tem efeitos drásticos, para o que se emprega apenas meio grama de folhas secas, em pó, ou uma colher de chá, do suco misturado com água.

Contra-indicações:
Recomenda-se cuidado em dobro no uso do medicamento, pois seu forte efeito no organismo pode provocar nefrite. Esta recomendação se aplica principalmente às pessoas muito sangüíneas e principalmente às mulheres grávidas.

O melhor mesmo é seu uso externo.
      
Canela ( Cinnamomum zeylanicum, Nees.) – Planta originária do Ceilão, também denominada caneleira, cuja casca, geralmente reduzida a pó, é empregada como condimento. Constitui o ingrediente principal de muitos pós e incensos muito utilizados tanto pela magia oriental quanto pela ocidental. Um sortilégio simples para proteção sugere colocar no peito, sobre o osso esterno, uma pitadinha de canela em pó, a quantidade suficiente para cobrir a metade de uma cabeça de fósforo ao se vestir de manhã. Pode-se também misturá-la a um talco sem perfume. Meia colher de chá de canela em pó para duas xícaras de talco produzem uma boa combinação. Use-o após o banho, sua influência protetora envolverá todo o corpo. Em aromaterapia é usada para purificação, benzimento, e proteção, e segundo a tradição popular traz prosperidade na atividade comercial. Serve de proteção contra a inveja e o ciúme dos outros. Afrodísiaco, auxilia na prática da adivinhação. Calmante, estimula a mente. Pode ser usada na forma de incenso, borrifado como aromatizante de ambiente ou misturado seu óleo essencial com água para limpeza dos ambientes.

Uso medicinal:
Tem propriedades estimulantes e aromáticas.

Cebola ( Allium cepa ) – (casca) Afrodísiaco, é aconselhado seu uso no defumador em momentos difíceis.

Uso medicinal:
A Cebola, como alimento, condimento e remédio, é uma das mais valiosas dádivas do Criador ao homem. Desde a mais remota antigüidade, a cebola já era conhecida e apreciada  por vários povos. Os egípcios lhe erguiam templos e levantavam altares. Os judeus sentiram muito sua falta quando saíram do Egito.( Números,capítulo11 ).

A Cebola, assim como o alho, o agrião, e outros vegetais que a natureza nos oferece, são os melhores depuradores do sangue.

Plínio, o Velho, célebre naturalista romano do séc. I, receitava a cebola comida crua e aplicada em fricções tópicas, em feridas provocadas por mordidas de cães raivosos. Platetus recomendava a cebola contra a lepra. Celsus, famoso escritor romano da época, autor de uma enciclopédia, da qual restaram nos dias de hoje oito volumes de medicina, recomendava a cebola contra as febres intermitentes, conhecidas como sezões. Nero, imperador romano do mesmo período, comia cebola antes de cantar para aprimorar a voz.

Alguns povos indígenas utilizam a cebola contra o reumatismo e paralisia. Os zulus, da Africa do Sul, usam a cebola bem como o alho, para curar antrazes ( aglomerações de furúnculos )

Dizem os especialistas que a cebola é antídoto para picadas de mosquitos, outros afirmam que o vegetal é excelente remédio contra bexigas, pois quem come muita cebola dispensa a vacinação. Recomenda-se seu uso para combater a hidropisia e como remédio contra a icterícia. Serve seu uso contra infecções e enjôos.

Os alopatas utilizam a cebola como emoliente e depurativo eficaz, enquanto os homeopatas destacam suas propriedades curativas em grande número de males dos aparelhos respiratório e digestivo. Ela tem ocupado lugar de honra na farmacologia e na terapêutica, e durante séculos foi utilizada, se não para curar, pelo menos para tratar a anasarca, a asma, a ascite, a diabete, a hipertensão, a enxaqueca, a tuberculose e o tifo. É também poderoso bacterícida, antitóxico, laxante, sudorífero e diurético ( pelo sulfuro de alilo, que é o ácido volátil de seu aroma ).

No uso contra o carcinoma das vísceras pode obter bons resultados sendo boa sua utilização em todas as doenças infecciosas.

Toma-se seu suco da cebola crua, ralada, misturada com azeite de oliva, e fazem-se gargarejos com o mesmo sumo para combater a difteria.

Para combater a hidropisia, e como diurético eficaz, come-se crua, machucada e misturada com leite. Deve ser o único alimento do enfermo.

A cebola é um alimento de primeira ordem para os diabéticos, pois contém uma insulina vegetal, a glucoquinina.

O suco da cebola assada, misturado com mel, é eficaz para combater a tosse. Crua, em forma de salada, com suco de limão e azeite de oliva, é eficiente contra os resfriados. Não há bronquite que resista ao tratamento com alho e cebola ralados, misturados com limão, ou usados como tempero de saladas de cenouras, rabanetes, alface, chicória, etc...

A cebola é um emoliente natural. Em cataplasmas, cura tumores, inflamações, furúnculos. Neste último caso pode-se aplicar assada e misturada com mel.

Como poderoso desinfetante para úlceras e chagas, usa-se diluída em água, o suco de cebolas cruas.

Para combater as febres ou em caso de gangrena, toma-se suco de cebolas diluído em água.

Para expulsar vermes intestinais nas crianças, devemos ministrar suco de cebolas adoçado com mel.

A sopa de cebolas estimula o apetite e restaura as energias do aparelho digestivo. Seu caldo cozido é bom remédio para as cólicas do ventre. Ela limpa o tubo digestivo e cura a prisão de ventre. Afirma-se que não há constipação intestinal que resista quando se comem cebolas assadas. É eficiente como desinfetante intestinal. Nenhum micróbio resiste  a ação do seu suco. O caldo de cebolas cura os desarranjos intestinais, especialmente nas crianças.

Em bastante quantidade, cozinhada com pouca água, com fogo lento e ínfima quantidade de sal, comendo-a em salada, no jantar, e tomando a água em que foi cozida, uma hora antes de deitar, torna-se o melhor e o mais inócuo dos hipnóticos. A cebola é calmante e ao mesmo tempo tônica para os nervos.  É um bom alimento para os trabalhadores intelectuais.

Para combater a gripe, emprega-se a seguinte receita: Duas colheradas de suco de cebola, uma colherada de mel, o suco de um limão, uma xícara de água quente. Toma-se três, e nos casos mais graves até seis vezes ao dia.

Crua, colocada sob o nariz, a cebola corta as hemorragias nasais.

Contra o reumatismo, a gota e a artrite come-se abundantes quantidades de cebola crua, com aipo, em saladas, e aplica-se o suco da cebola em fricções.

Crua, cozida ou assada, a cebola é eficiente nas enfermidades renais, dissolvendo os cálculos.

A cebola é útil contra intoxicações e inflamações do fígado, podendo ser utilizada o caldo da cebola cozida ou o suco dela ralada, crua, diluído em água quente.

Tomado com água, o suco de cebola alivia a dor de dente. Pode se ter o mesmo efeito introduzindo na cárie dental um pouco de cebola macerada.

Aplicado topicamente, o suco de cebola é muito bom para mordidas e picadas de insetos. Tratando-se de picadas venenosas, é conveniente também beber suco de cebola ou adotar uma dieta de cebolas cruas, durante vários dias.

Os mais recentes estudos indicam que a cebola é um excelente preventivo do enfarte. Cientistas britânicos descobriram que a cebola , assada ou frita, tem a capacidade de dissolver coágulos sangüineos. Na década de sessenta pesquisaram uma nova droga, com o princípio ativo da cebola, para combater a trombose coronária.

Contra-indicações:
Crua, a cebola não vai bem com os que sofrem de hipercloridria ou flatulência intestinal.                
 
Cravo –Seu uso na aromaterapia oferece proteção física, expulsa do ambiente as formas, pensamentos e energias negativas depurando a aura. Afasta o medo, atrai amor, paz de espírito, clarividência. É afrodísiaco, excitante. Fortalece a memória e ajuda a combater a depressão. Alivia problemas respiratórios e revitaliza o corpo.

Erva de São João ( Hipérico ) – Poderoso antidepressivo quando em chá. É utilizada para expulsar e afastar todos os espectros, sombras, espíritos e obras malignas. Pendure-a no local onde espera bloquear as forças negativas, acima de uma janela ou de uma porta e no pescoço de uma pessoa na forma de sachet. Era utilizada pelos druídas celtas para retirar das pessoas influências astrais. Pode também ser queimada ou usada como incenso para defumar o ambiente.

Funcho / Erva doce ( Foeniculum vulgare, gaertn.) – O funcho exala um odor muito característico. É facilmente encontrada nos terrenos saibrosos, e também às margens de certos rios. Auxilia na proteção física e psíquica. Traz coragem, capacidade de comando, fertilidade, longevidade e ganhos materiais. Purificador do organismo, auxilia em dietas.

Uso medicinal:
Tem propriedades tônicas e carminativas, isto é, combate a flatulência. Proporciona bons resultados nos casos de fraqueza do estômago e gases. Utilizam-se de 8 a 10g de sementes em infusão num litro de água devidamente adoçada.

Hissopo ( Hyssopus officinalis ) – É a planta sagrada dos judeus, assim com a arruda é dos cristãos e a babosa, dos muçulmanos. O uso do hissopo na prática religiosa judaica é descrito no Salmo 51: “Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo...” O hissopo era usado como “aspergillum”, o instrumento usado para aspergir água benta pelo templo; daí denominar-se o instrumento para este fim atualmente “hissope”. A planta ainda desempenha um certo papel na liturgia judaica, como um das ervas servidas em determinadas cerimônias. Hipócrates já utilizava seus benefícios contra os males dos brônquios.
O hissopo tem propriedades purificadoras, sendo usado tanto em banhos quanto para aspergir a casa. É também possível usá-lo em pulverizações, para suavizar as vibrações do ambiente ou para limpar o piso ou carpete ( com um esfregão ou pano molhado ), com o objetivo de eliminar eventuais sentimentos de negatividade.
Para utilizar em rituais mágicos prepara-se a infusão de hissopo com uma colher de sopa da erva em uma xícara de água fervente. Deixa-se a mistura esfriar e aplica-se como se desejar – em um banho ritual, pulverização ou outras formas.

Uso medicinal: Contém um óleo essencial: a hissopina. Nas pessoas que sofrem dos nervos deve ser empregada com cuidado. Usa-se a sua infusão em água, à razão de 2 por 100, sendo recomendado tomar apenas duas ou tr6es xícaras por dia. Em uso externo , o hissopo tem virtudes tônicas e resolutivas, servindo para gargarejos nas diversas afecções da garganta. Em aplicações quentes, é utilizado ainda para resolver equimoses e torceduras. 

Louro – As suas folhas são usadas para conceder desejos.

Manjericão – Melhora a disposição. Auxilia na proteção, fertilidade, felicidade, harmonia, amor, paixão, sucesso, tranqüilidade.

Noz moscada – Atrai dinheiro, felicidade, fortalece o amor e a afeição. É afrodísiaco e promove a limpeza energética.

Salsa – Energético e afrodísiaco, melhora a disposição, e a clarividência. Auxilia no contato com outros planos, na meditação e no desenvolvimento psíquico.

Sálvia ( Salvia officinalis, L.) – Devem ser consideradas como medicinais duas espécies de sálvia: a “officinalis” e a “salvia sclarea”, L. Existe ainda a “salvia pratensis”, L. A “salvia officinalis” é também denominada de “chá-da-grécia”. Seu uso medicinal e na culinária faz com que seu cultivo seja popular nos jardins domésticos. Deve ser plantada em terreno exposto na direção do Sul, adaptando-se bem em terras secas, leves e pouco calcárias. No seu uso aromaterápico é tranquilizador do sono, e sedativo.

Uso medicinal:
Seu nome de sálvia deriva de salvar, curar. Como medicina usa-se toda a planta, mas sobretudo as extremidades floridas e as folhas. O melhor momento de sua colheita é quando as hastes estão a florir. Ela atenua a transpiração e é estimulante, sendo útil nos casos de astenia nervosa. Sob a forma de infusão recomenda-se usar 5 folhas por litro de água fervente. Sob a forma de vinho recomenda-se 80g de folhas de sálvia; vinho de Samos, 1000g. Deixar macerar durante oito dias e tomar de 1 a 3 colheres de sopa do licor após as refeições. Usa-se ainda a sálvia, para regularizar a menstruação ou como supositórios.  

Sândalo ( Santalum album, L.) – Árvore originária da Ásia e da África, muito cultivada na Índia. Sua madeira é aromática, bastante empregada em marcenaria e dela se extrai uma essência medicinal. É utilizada como oferenda à divindade nos cultos no Oriente. Relaxante para quem o utiliza, segundo se diz é também revigorante para os elementais. Seu uso aromaterápico auxilia a romper laços com o passado.

Verbena ( Verbena officinalis, L.) – Planta sagrada dos druídas, sempre foi utilizada para magia como também tem aplicação medicinal. No Brasil também é denominada Jurujuba. Serve para afastar as vibrações pesadas, podendo ser pulverizada ou ser queimada como incenso e como erva, preparada como infusão. Produz paz e contentamento, eliminando as formas de pensamento mais maléficas.

Para fazer a infusão da planta coloca-se uma colher de sopa da erva em uma xícara de água quente ou fervente. Assim que esfriar, coa-se a mistura e usa-se o líquido resultante em pulverização, aspersão para limpeza da casa. Essa solução também é utilizada para lavar altares, para afastar as energias pesadas. Utilizada como incenso, a verbena proporciona proteção e elimina os pensamentos pesados ou negativos. Na Idade Média, onde possuía uma elevada reputação, desempenhava importante papel na vida política e nos ritos litúrgicos. Na época, acreditava-se que ela podia afastar os demônios quando queimada na lareira. É também denominada na França como “erva-das-feiticeiras”, “erva-de-encantamentos”, “erva-de-vênus”, e “erva-sagrada”. Seu nome deriva do latim “verbenare” que significa bater, marcar, porque  com ela se costumava assinar os tratados, sendo considerada planta sagrada. Existe outra espécie de verbena odorífera ( verbena odorata ),  de origem sul americana, cuja infusão perfumada é muito apreciada.  
Seu uso já era conhecido na Antigüidade. Plínio, antigo escritor e naturalista latino, escreveu sobre as propriedades da planta: “a água em que se tenha fervido a verbena, se for aspergida em uma sala, torna mais felizes os convidados”.

Uso medicinal:
Emprega-se em medicina toda a planta quando florida. Contém em seu principio ativo, a verbenalina, que é um enérgico redutor, antinevrálgico e febrífugo, sem ser tóxica. Diz-se que a Verbena aumenta a quantidade de leite e que nas parturientes ela mantém o tônus uterino. Deve ser utilizado seu extrato fluido estabilizado, na quantidade de uma ou duas colheradas de café por dia.

Contra-indicações:
A variedade “odorata”, originária do Chile, introduzida na Europa no séc. XVIII, pode causar irritações do estômago e provocar gastrites. Assim sua utilização como remédio deve ser cercada de precauções.      

  
PRECES DE PROTEÇÃO.

Evocação de um espírito bom.

Orações e mantras são utilizados para obtermos as graças do Ser Superior desde a mais remota antigüidade. Preces de proteção são utilizadas, como já vimos, pelos registros arqueológicos deixados pelas antigas civilizações, desde o crescente fértil. As civilizações sumerianas mais antigas já utilizavam orar pedindo proteção aos deuses. A eficácia de uma prece depende da fé interior do devoto. Sem fé interior o devoto não atinge a magia da transformação. Ao orarmos devemos estar com o corpo limpo e buscar limpar o espírito. O ambiente para oração deve ser o mais tranqüilo possível na medida da possibilidade real do devoto, pois só sua entoação já consegue resultados milagrosos em qualquer situação. Mas se houver possibilidade, acenda um incenso e aproveite o momento para respirar profundamente e entrar em vibração com as palavras da oração. É aconselhável rezar, no mínimo, três vêzes para alcançar os objetivos propostos. Um exemplo simples e eficaz é sugerido a seguir:

“O Senhor me envolve de luz, amor e proteção. Dentro desta esfera estou a salvo de tudo o que possa tentar me fazer o mal”.

Pierre d’Abano, em sua obra, Elementos de Magia, de 1298 nos ensina como invocar um espírito bom:

“Qualquer um que deseje invocar um espírito bom deve observar duas coisas; em primeiro lugar a disposição daquele que invoca; em segundo, que ele tenha se preparado cuidadosamente para tal mistério durante vários dias. Que ele tenha se banhado com a água consagrada. Para isto deve se manter sóbrio e casto, distanciado de ocupações e negócios e jejuar, caso possa, por vários dias. E durante esses dias que esteja, ao nascer do sol, no lugar em que deseja fazer a invocação, vestido com os hábitos sagrados de linho branco. Que faça a Deus e aos anjos a prece segundo o uso. O número de dias é geralmente uma lua inteira ou até 40 dias”.

“Que escolha um lugar puro, casto, oculto, tranqüilo, que não possa ser visto por ninguém e que o consagre e exorcize. Que disponha neste lugar uma mesa ou um pequeno altar coberto de tecido branco, voltado para o Oriente, e de cada lado dois círios iluminados de cera virgem, que queimem sem cessar durante todos os dias. No centro do altar coloca-se o mapa sagrado, coberto por um linho branco, que não deve ser descoberto até o fim do período de jejum. Tereis material para fazer fumigações, depois de ter consagrado o azeite. Tereis igualmente um incensório colocado em frente ao altar, que ficará iluminado pelo fogo benzido durante todo o tempo que durar o recolhimento. Usareis um hábito longo, de linho branco, fechado na frente e atrás, que vos cobrirá até os pés, o qual será cingido com um cinto. Tereis na cabeça uma faixa ou listão, sobre a qual haverá uma lâmina dourada com a inscrição “Tetragrammatton”, que será benzida e consagrada. E não entrareis nunca no lugar sagrado sem que tenhais antes vos lavado e vestido os hábitos sagrados. Tereis de estar descalço. Uma vez no local, aspergireis em volta com água consagrada. Em seguida fareis as fumigações sobre o altar. E depois, ajoelhado diante do altar, prestareis adorações. Depois assinalareis a fronte com o azeite consagrado e untará vossos olhos. Descobrireis em seguida o pentáculo sagrado e, estando de joelhos, adorareis como precedentemente, junto o altar. E, uma vez feita a invocação dos espíritos, eles aparecerão. Ordenareis a eles o que desejardes, e, com uma linguagem doce, os dispensareis”. ( Fragmento extraído do livro “O Esoterismo” de Pierre A. Riffard, pág. 568. )

Muitas variáveis existem nestes rituais que necessariamente não precisam ser seguidas ao pé da letra, outras são obrigatórias para atingir-se os resultados esperados pelo mago. Existem portanto constantes que devem ser seguidas sempre, em todos os casos. A roupa de linho branco, o incenso e as fumigações, o jejum e a castidade no período da invocação, a observação do alvorecer pelo devoto, sua limpeza física. Sugerimos neste caso, também a cobertura da cabeça com um acessório apropriado, visando proteger o chacra coronário, de vital importância para o mago no momento da invocação, evitando assim possível distúrbio neste importante centro de energia.






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